09/05/2025

Mais de 6 mil voluntários contribuem com educação inclusiva na rede pública do DF

O Centro de Educação Infantil (CEI) 4 de Taguatinga é uma das 684 escolas que contam com o apoio dos ESVs. Há 16 educadores lotados na unidade, sendo que 14 auxiliam alunos específicos e dois prestam apoio no dia a dia escolar | Foto: Joel Rodrigues/Agência Brasília

Educadores Sociais Voluntários promovem o desenvolvimento dos alunos com deficiência e incentivam a interação em sala de aula; pesquisa do IPEDF traçou perfil do grupo e vai ajudar no aprimoramento

Auxiliar estudantes com deficiência em atividades diárias, contribuindo com o ambiente educacional e o desenvolvimento cognitivo dos alunos. Essa é uma das principais funções dos educadores sociais voluntários, programa do Governo do Distrito Federal (GDF) promovido pela Secretaria de Educação (SEE). A rede pública de ensino conta com mais de 6 mil profissionais atuando em 684 estabelecimentos de ensino.

Conforme a Portaria nº 28/2024, o educador social voluntário pode trabalhar junto a estudantes com deficiência ou com quadros como transtorno do espectro autista (TEA), estrangeiros e indígenas não falantes de Língua Portuguesa, assim como no contraturno das escolas de tempo integral. O leque de funções visa, sobretudo, o benefício do aluno. O educador deve auxiliá-lo no horário das refeições, com os hábitos de higiene pessoal, em atividades sociais – com o incentivo ao contato e interação com colegas de sala, durante as atividades pedagógicas, e mais.

“Cada educador é responsável por duas crianças com deficiência, como síndrome de Down ou paralisia, ou com autismo”

Sabrina Marques, diretora do CEI 4 de Taguatinga

O Centro de Educação Infantil (CEI) 4 de Taguatinga é uma das 684 escolas que contam com o apoio dos ESVs. Há 16 educadores lotados na unidade, sendo que 14 auxiliam alunos específicos e dois prestam apoio no dia a dia escolar. “Cada educador é responsável por duas crianças com deficiência, como síndrome de Down ou paralisia, ou com autismo”, explica a diretora do CEI 4 de Taguatinga, Sabrina Marques, que trabalha na unidade desde 2009.

Segundo a gestora, a presença dos ESVs em sala de aula contribui com a inclusão dos alunos com deficiência na turma e impacta diretamente no crescimento deles. “Os avanços no desenvolvimento das crianças é nítido já a partir da segunda semana de aula. Às vezes, a criança não tinha convívio social por diversas dificuldades e, aos poucos, vai se ligando ao ambiente escolar com a ajuda dos educadores”, explica Marques.

A educadora social voluntária Esheley Bruna Sousa, 19 anos, acompanha o pequeno João Lucas Costa, 5, no dia a dia no CEI 4 de Taguatinga. Estudante de pedagogia, ela iniciou como ESV no ano passado, tendo atuado em outra escola de Taguatinga, em março assumiu os cuidados com o João, diagnosticado com autismo nível 3, em que há atraso ou ausência da comunicação verbal.

“Assim que ele chega na escola, nós fazemos uma brincadeira até ele ficar tranquilo e topar entrar na sala de aula. Aí eu cuido dele e do Francisco – que é o melhor amigo do João e tem síndrome de Down. Nós fazemos as atividades, temos o lanche, a hora do banheiro, o recreio… O dia inteiro fico com eles, cuidando e ajudando”, relata Esheley. O apoio tem surtido efeito: João falou as primeiras palavras neste ano – “pai”, “mãe” e “quero”. “Ele também começou a fazer as atividades e a brincar com os meninos, que era uma coisa que ele não fazia antes da minha chegada.”

A mãe de João, a autônoma Joyce Rodrigues Costa, 35, agradece o trabalho prestado pelos ESVs. “Aqui ele aprendeu a pintar, já aceita as texturas. Acho que sem os educadores eu não teria nem condição de trazer meu filho para a escola. Com eles aqui, me sinto segura e sei que ele tá aqui se desenvolvendo”, conta ela, que reconhece os avanços da jornada do filho. “Assim que saiu o diagnóstico do João, muitos falavam que ele não ia andar, que não ia falar nada, que não teríamos nenhum avanço. E hoje vemos que conseguimos muitas coisas”, celebra.

Outras unidades de ensino da região administrativa também dispõem do apoio dos educadores sociais voluntários. O coordenador regional de ensino de Taguatinga, Murilo Marconi, afirma que há mais de 700 pessoas exercendo a função em estabelecimentos educacionais da cidade. “Esta gestão do GDF está preocupada com a inclusão dos alunos e, por isso, vem aumentando cada vez mais o número de educadores sociais voluntários. Tivemos um acréscimo de quase 50% no último ano, sendo que eram 500 educadores e passamos para 700”, explica Marconi.

Perfil dos educadores

Entre os educadores sociais voluntários do DF, 83,5% são mulheres, 53% têm de 30 a 49 anos e 55% se identificam como pardos. Os dados foram divulgados em junho pela pesquisa “Educação inclusiva no Distrito Federal: o papel dos educadores sociais voluntários”, elaborada pelo Instituto de Pesquisa e Estatística do Distrito Federal (IpeDF).

A diretora de Estudos e Políticas Sociais do IpeDF, Marcela Machado, destaca que a pesquisa “buscou suprir a lacuna de evidências científicas sobre essa política pública. Eles, ao lado de professores, monitores e responsáveis, desempenham um papel fundamental para a efetivação da educação inclusiva no Distrito Federal.” Foram utilizados métodos quantitativos e qualitativos, incluindo entrevistas com gestores da SEE e diretores de escolas públicas.

“A pesquisa traz questões da rotina de como acontecem a interação dos educadores e outros atores que estão no ambiente escolar, como professores, gestores e alunos, ajudando a entender e refletir quais são os desafios que existem e as formas que a política pública pode ser aperfeiçoada”, agrega a coordenadora da pesquisa, Jaqueline Borges.

Conforme o estudo, as atividades dos ESVs abrangem diversos aspectos do dia a dia escolar, principalmente o auxílio em sala de aula (89%), atividades recreativas (77%), locomoção (73%), refeições (69%) e higienização (67%). A maioria dos educadores possui formação nas áreas de ciências humanas, linguística, letras e artes (67%) e mais da metade dos respondentes não possuem outra ocupação além de educador social voluntário.

As atividades do ESV devem ser realizadas de segunda a sexta-feira, em dias letivos presenciais, com carga horária diária de 4 horas. O educador pode atuar em até duas escolas ou em dois turnos na mesma unidade de ensino, sendo que cada turno voluntariado recebe R$ 40 como ajuda de custo para cobrir as despesas com alimentação e transporte.

Tribuna Livre, com informações da Secretaria de Educação (SEE)

Deixe um comentário

Leia também
Contribuintes sorteados no Nota Legal ainda têm R$ 415 mil a receber
Contribuintes sorteados no Nota Legal ainda têm R$ 415 mil a receber
Manual padroniza práticas de atendimento socioeducativo em unidades de semiliberdade do DF
Manual padroniza práticas de atendimento socioeducativo em unidades de semiliberdade do DF
Protocolo Por Todas Elas completa um ano de avanços no combate à violência contra mulheres
Protocolo Por Todas Elas completa um ano de avanços no combate à violência contra mulheres
Mais de 41 mil eleitores do DF podem ter o título cancelado; saiba como regularizar a situação
Mais de 41 mil eleitores do DF podem ter o título cancelado; saiba como regularizar a situação
Brasília é confirmada como cidade-sede da Copa do Mundo Feminina de 2027
Brasília é confirmada como cidade-sede da Copa do Mundo Feminina de 2027
Campanha do GDF alerta sobre riscos do transporte pirata
Campanha do GDF alerta sobre riscos do transporte pirata
GDF Mais Perto do Cidadão chega a Samambaia com programação especial para o Dia das Mães
GDF Mais Perto do Cidadão chega a Samambaia com programação especial para o Dia das Mães
Governo inicia içamento de vigas que sustentarão viaduto da Epig
Governo inicia içamento de vigas que sustentarão viaduto da Epig
Com apoio do GDF, projeto de cinema ao ar livre percorre sete regiões administrativas
Com apoio do GDF, projeto de cinema ao ar livre percorre sete regiões administrativas
Bancas sem atividade regular podem ser retomadas pelo GDF
Bancas sem atividade regular podem ser retomadas pelo GDF
DF vai ampliar rede de saúde mental infantojuvenil com novo CAPSi no Recanto das Emas
DF vai ampliar rede de saúde mental infantojuvenil com novo CAPSi no Recanto das Emas
GDF inaugura Centro de Referência da Mulher Brasileira no Recanto das Emas para fortalecer rede de proteção no DF
GDF inaugura Centro de Referência da Mulher Brasileira no Recanto das Emas para fortalecer rede de proteção no DF

Pecuária 2025 terá entrada gratuita; veja detalhes

Pecuária 2025 acontece entre 15 e 25 de maio no Parque e Exposições Agropecuárias do setor Nova Vila, em Goiânia A entrada da Pecuária de Goiânia 2025 será gratuita, e condicionada apenas à entrega de um quilo de alimentos não perecíveis no portão do Parque de Exposições, no setor Nova

Leia mais...

Bancas sem atividade regular podem ser retomadas pelo GDF

Medida se refere a unidades em operação nas feiras da Torre de TV e Permanente do Paranoá; publicação no Diário Oficial do Distrito Federal desta terça (6) dá prazo de 15 dias úteis para atuais ocupantes apresentarem recurso administrativo O Diário Oficial do Distrito Federal (DODF) desta terça-feira (6) traz

Leia mais...

Como tarifas de Trump podem afetar Hollywood?

À medida que Trump volta sua atenção para o que ele chama de indústria cinematográfica “moribunda” dos EUA, sua solução provocou fortes reações. O presidente dos EUA, Donald Trump, afirmou que aplicará tarifas de 100% sobre filmes produzidos em países estrangeiros, intensificando as disputas comerciais com países ao redor do

Leia mais...

CPMI do INSS alcança assinaturas para ser protocolada, diz deputada

Coronel Fernanda (PL-MT) e senadora Damares Alves (Republicanos-DF) teriam conseguido o apoio de 29 senadores e 182 deputados A deputada Coronel Fernanda (PL-MT) disse que o requerimento para criação da CPMI (Comissão Parlamentar Mista de Inquérito) do INSS (Instituto Nacional do Seguro Social) alcançou o número mínimo para que o

Leia mais...

A sua privacidade é importante para o Tribuna Livre Brasil. Nossa política de privacidade visa garantir a transparência e segurança no tratamento de seus dados pessoais.