O subprocurador solicita uma investigação sobre a presença de Luciane Barbosa, supostamente associada ao Comando Vermelho, no ministério.
O Ministério Público vinculado ao Tribunal de Contas da União (TCU) solicitou uma investigação sobre a presença da advogada Luciane Barbosa, supostamente associada ao Comando Vermelho, nas instalações do Ministério da Justiça. O subprocurador-geral do MP no tribunal, Lucas Furtado, pediu a abertura de apuração para “investigar possíveis condutas atentatórias à moralidade administrativa e eventual desvio de finalidade no uso das dependências do Ministério da Justiça”. Luciane é casada com Clemilson dos Santos Farias, conhecido como Tio Patinhas, chefe da facção criminosa no Amazonas. O subprocurador argumenta que o caso prejudica a reputação do ministério, responsável pelo combate ao crime no país, e mina a confiança da sociedade brasileira em instituições cruciais para a segurança pública e a justiça no país. Furtado desconsidera a alegação do ministério de desconhecimento do possível vínculo da advogada com a facção criminosa e sua condenação por associação ao tráfico, entre outros crimes. Ele destaca que, qualquer que fosse o interesse público alegado para justificar o encontro, outras opções estavam disponíveis, e o órgão público deveria selecionar interlocutores que respeitassem a moralidade pública exigida das instituições oficiais. Luciane, conhecida como a “dama do tráfico” amazonense, teve audiências com dois secretários e dois diretores do ministério, em visitas não registradas nas agendas oficiais dessas autoridades. Luciane e Clemilson foram condenados por lavagem de dinheiro, associação para o tráfico e organização criminosa. Tio Patinhas cumpre pena de 31 anos no presídio de Tefé (AM), enquanto a advogada recorre em liberdade. O Ministério Público do Amazonas aponta Luciane como o “braço financeiro” do grupo liderado por seu companheiro, exercendo papel fundamental na ocultação de valores oriundos do narcotráfico. Em resposta ao caso, o secretário-executivo da pasta, Ricardo Cappelli, emitiu uma portaria restringindo o acesso e a circulação de pessoas nas dependências do Palácio da Justiça, sede do ministério. A partir de agora, a presença de qualquer pessoa será autorizada apenas se comunicada formalmente por e-mail, 48 horas antes da data prevista da audiência ou reunião, informando os nomes e CPFs dos participantes e acompanhantes. Além disso, a entrada no ministério será precedida pelo contato da recepcionista com o “ponto focal” da unidade de destino, que decidirá se a pessoa terá permissão para ingressar. Em resposta ao caso, bolsonaristas apresentaram 13 novos requerimentos de convocação de Dino e pedidos de explicação ao ministro sobre a presença da advogada em seu ministério. Eles buscam levá-lo à Comissão de Segurança Pública e à Comissão de Fiscalização e Controle, argumentando que a situação revela a falta de sintonia entre a realidade do crime organizado e a capacidade do ministério de lidar com ameaças de forma eficaz.
Tribuna Livre, com informações do MP