Paulo Teixeira, ministro do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar, explicou que o governo não possui acesso às questões do exame.
Após críticas da bancada ruralista em relação a uma questão do Enem deste ano, por suposto “cunho ideológico” no texto motivacional, o ministro do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar, Paulo Teixeira, expressou que os responsáveis pela elaboração da prova foram infelizes ao abordar o tema, ao mesmo tempo em que isentou o governo federal de responsabilidade.
Durante a edição de um programa local (DF), o ministro comentou que a questão abordada era algo que o cidadão comum nem teria conhecimento de sua existência. Para ele, foi uma situação desnecessária e levantada sem justificativa.
A questão, número 89 da prova do tipo “branca”, apresentava um texto motivacional com a frase inicial: “No Cerrado, o conhecimento local está sendo cada vez mais subordinado à lógica do agronegócio”. Este trecho foi extraído do artigo “Territorialização do agronegócio e subordinação do campesinato no Cerrado”, elaborado por docentes da Universidade Federal de Goiás (UFG). Além desta, outras duas questões (70 e 71) também faziam menção ao agronegócio.
O debate sobre o conteúdo das questões chegou ao parlamento da Câmara dos Deputados e do Senado Federal. A Frente Parlamentar do Agro (FPA) emitiu uma nota alegando que as questões foram “mal formuladas, com comprovação puramente ideológica e permitiam que o aluno escolhesse a resposta baseado em seu ponto de vista”. A bancada solicitou a anulação dessas questões.
Paulo Teixeira, responsável pela pasta do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar, defendeu que a gestão do governo Lula não participa da elaboração das questões do Enem. Ele enfatizou que as questões são elaboradas por professores universitários, cuja identidade não é divulgada, e são validadas cientificamente. Destacou também que o ministro não tem acesso prévio às questões. Para Teixeira, não se trata de uma polêmica com o governo.
Embora a resposta dos parlamentares tenha sido mais contundente contra o governo em relação às questões do Enem, o ministro afirmou que a relação entre o setor agropecuário e o governo do presidente Lula é positiva. Ele citou o Plano Safra, no qual foram destinados R$ 350 bilhões aos produtores, e o trabalho do ministro Carlos Fávaro, que desbloqueou 50 mercados para a compra de produtos brasileiros. Teixeira enfatizou que a relação entre o governo e o setor agropecuário está progredindo bem, ao mesmo tempo em que o agro está satisfeito com a gestão do presidente Lula.
Tribuna Livre, com informações da Frente Parlamentar do Agro (FPA)