Em mais de meio século de exploração espacial tripulada, a representatividade feminina ainda é um desafio. Apenas uma pequena fração dos astronautas são mulheres, e menos de dez são negras. Um voo da Blue Origin, que incluiu a cantora Katy Perry, chamou atenção para essa questão ao realizar a primeira missão espacial composta exclusivamente por mulheres desde 1963.
Com a Nasa selecionando novos astronautas a cada quatro anos e sem mulheres negras na turma de 2025, o debate sobre acesso e inclusão se intensifica.
Aisha Bowe, ex-cientista de foguetes da Nasa, empresária e uma das primeiras mulheres negras astronautas civis, personifica essa mudança. Sua jornada a bordo do New Shepard, da Blue Origin, marca um divisor de águas na história aeroespacial e serve como um exemplo do que é possível para mulheres negras em setores historicamente dominados por homens.
Financiando seu próprio assento, ela abriu caminho para o acesso ao espaço. Sua trajetória a levou de uma faculdade comunitária à Nasa, do ativismo internacional em STEM ao empreendedorismo como CEO da STEMBoard e da Lingo.
Aisha compartilha que, no início de sua jornada, duvidava de sua capacidade de sucesso por não ver pessoas como ela em posições de destaque. Essa dúvida a impulsionou a mudar sua mentalidade e perseguir três objetivos ambiciosos: concluir a universidade, estudar engenharia aeroespacial e trabalhar na Nasa.
A crença de Aisha em desafiar limites tem raízes familiares. Seu pai, nos anos 1980, deixou as Bahamas para buscar uma vida melhor nos Estados Unidos por meio da educação. Ela lembra que seus pais, que trabalhavam arduamente para pagar as contas, a ensinaram o valor do trabalho duro.
A determinação do pai em cursar engenharia elétrica aos 35 anos a inspirou a superar suas dificuldades no ensino médio. Ele a ajudou a enxergar o potencial da reinvenção em qualquer fase da vida e se matriculou na mesma faculdade comunitária que ela frequentaria.
Ao entrar na Nasa, Aisha estava determinada a se destacar. Participou de seminários, se apresentou a todos e se preparou para aproveitar as oportunidades. Após um estágio de verão, negociou uma extensão para continuar no programa e se candidatar a uma vaga em tempo integral.
A experiência de seis anos na Nasa, incluindo o programa de desenvolvimento de liderança Nasa FIRST, proporcionou um aprendizado rico. Ela mentorou estudantes, deu palestras e trabalhou em projetos que reforçaram a importância da representatividade.
Apesar de amar seu trabalho na Nasa e de ter sido promovida rapidamente, Aisha sentiu a necessidade de expandir seu impacto. Começou a trabalhar como voluntária em escolas locais, inspirando estudantes que nunca haviam conhecido um engenheiro.
Essa experiência a motivou a fundar a STEMBoard em 2013, uma empresa aeroespacial e de defesa que fornece serviços de ciência de dados, análises e TI para o governo federal dos EUA.
Aisha Bowe percebeu que precisava tornar o espaço mais atraente e relevante para os jovens. Esse pensamento reacendeu seu sonho de ir ao espaço, juntando-se ao seleto grupo de mulheres negras que o fizeram antes dela.
Para se preparar para a viagem, Aisha treinou intensamente, pilotando um jato de combate e treinando no NASTAR Center. Antes do lançamento, seu pai faleceu, mas deixou uma mensagem de orgulho. Sua equipe dedicou uma estrela em nome dele.
Na Blue Origin, Aisha atuou como operadora da carga útil científica em um experimento colaborativo com o TRISH da Nasa e com a BioServe Space Technologies da Universidade do Colorado Boulder. O estudo analisou como a microgravidade e a radiação afetam a biologia das plantas.
Após inspirar estudantes, Aisha criou a Lingo, uma empresa de educação prática em STEM que visa capacitar um milhão de estudantes com habilidades nessas áreas nos próximos 10 anos.
Fonte: forbes.com.br










