Ocupações fazem parte
do calendário de ações da Jornada de Luta das mulheres neste mês de março
As ocupações foram realizadas na madrugada deste domingo
(5) – MST/Divulgação
Cerca de 300 mulheres do Movimento dos Trabalhadores
Rurais Sem Terra (MST) ocuparam duas fazendas no estado da Bahia, na madrugada
deste domingo (05).
Uma destas ocupações ocorreu na região da Chapada
Diamantina, na Fazenda Rosarinho, no município Rafael Jambeiro. Segundo o
movimento, a propriedade tem mil hectares e estava há oito anos improdutiva,
sem cumprir a função social. A mobilização reuniu cerca de 100 mulheres, de
acordo com cálculos do próprio movimento.
Em outra frente, o MST ocupou as terras da Fazenda
Espinheiro, no município de Jeremoabo. De acordo com o movimento, a propriedade
estava abandonada e uma parte dela é devoluta, quando o território pertence ao
Estado e não tem uma atividade específica.
Segundo Lucineia Durães. da direção nacional do MST,
homens armados ameaçaram as famílias que estavam na ocupação em Jeremoabo, na
manhã deste domingo (6). Ela disse que eles não agrediram os militantes e que
anunciaram a retomada das áreas ocupadas.
“Os fazendeiros estão mobilizados para não aceitar e
empenhados para intensificar a formação de milícia contra o movimento”,
diz a dirigente, sobre a reação de latifundiários da região às atividades do
MST.
Aproximadamente 200 mulheres do movimento estiveram à
frente da ação. As ocupações fazem parte do calendário da Jornada de Luta das
Mulheres do MST, neste mês de março. Este ano, o tema é “O agronegócio
lucra com a fome e a violência, por terra e democracia, mulheres em
resistência”.
Entre as ações, estão previstas caminhadas em vias
públicas, plantio de árvores, atividades formativas, acampamentos pedagógicos e
distribuição de alimentos agroecológicos. Os principais dias da mobilização
serão 6, 7 e 8 de março.
“Nós, mulheres, somo afetadas primeiro pela fome. A
fome nos atinge de diversas maneiras. Intensifica a violência contra nossos
corpos. Portanto, para nós, a luta pela terra é importante pela emancipação
humana. Mulheres emancipadas reagem contra violência, contra o sistema que
produz os agressores, contra o machismo e contra o latifúndio que lucra com a
fome e com a violência contra nossos corpos”, explica a dirigente.
Ocupações em curso
Na madrugada do dia 1º de março, em Itaberaba, na Bahia,
cerca de 120 mulheres do MST ocuparam um latifúndio abandonado, a Fazenda Santa
Maria. De propriedade da família Baleeiro, a área já foi ocupada por famílias
camponesas entre 2015 e 2019 e foi palco de oito despejos – alguns violentos.
A ocupação feita por mulheres aconteceu dois dias depois
de outras feitas pelo movimento no estado da Bahia. A que teve maior
repercussão foi a tomada simultânea, com 1500 pessoas, de três áreas da empresa
Suzano Papel e Celulose S/A no extremo sul do estado.