19/09/2025

Novo blocão da Câmara nega “celeuma” com governo, mas espreme esquerda e tem risco “União”

 Blocão
formado por nove partidos foi anunciado na quarta-feira (12) e será o maior da
Câmara dos Deputados


Grupo é formado por nove partidos que, juntos, somam 173
deputados federaisTon Molina/Fotoarena/Estadão Conteúdo

Líderes do novo blocão da Câmara dos Deputados negam que
vão criar uma “celeuma” com o governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT). No
entanto, na correlação de forças dentro da Casa, o superbloco deve espremer os
partidos de esquerda, principalmente o PT. Ainda, o grupo conta com o fator de
risco do União Brasil à base aliada de Lula. A sigla tem vivido uma crise
interna com a possibilidade de saída da ministra do Turismo, Daniela Carneiro.

O blocão foi anunciado na quarta-feira (12) e será o
maior da Câmara. O grupo é formado por nove partidos que, juntos, somam 173
deputados federais: União Brasil, PP, federação PSDB-Cidadania, PDT, PSB,
Avante, Solidariedade e Patriota.

Dessas siglas, PDT, PSB, Avante e Solidariedade fazem
parte da base aliada de Lula na Câmara. Por outro lado, PSDB e PP – partido do
presidente da Câmara, Arthur Lira (AL) – não são aliados do presidente.

O União Brasil, partido formado a partir da fusão do
Democratas com o PSL (pelo qual Jair Bolsonaro foi eleito em 2018), figura como
a maior incógnita de votação até o momento. Apesar de ter três ministérios, a
legenda se diz independente e abriga vários parlamentares com histórico de anos
de antipetismo.

Quando um bloco é formado, a ideia é que os partidos que
o compõem caminhem e votem no mesmo sentido. Embora as siglas do novo bloco não
tenham uma convergência ideológica, seus líderes dizem que o que os une é a
“convergência democrática”.

Afirmam que trabalham pelas propostas econômicas da
gestão petista, como a reforma tributária e o novo marco fiscal. Líderes
partidários do bloco mais experientes e afinados com o governo devem se revezar
no comando do grupo.

Também dizem que o foco do bloco não está em fazer
oposição ao governo Lula, mas em conseguir mais espaços de presidências e
relatorias de comissões mistas e especiais na Casa. Portanto, a formação do
grupo estaria mais relacionada à correlação de forças internas do que à
sustentação ou não a Lula.

Um dos principais objetivos do blocão é fazer com que
seus partidos não percam espaço para o outro bloco da Câmara, formado por MDB,
PSD, Republicanos, Podemos e PSC, que somam 142 deputados.

Ao mesmo tempo em que os blocões podem facilitar a
aproximação de alguns partidos ao governo, como o Republicanos, a federação de
PT, PCdoB e PV, com bancada de 81 deputados, acaba ficando espremida entre as
duas potências gestadas.

O PT pode encontrar mais dificuldades em unir forças para
atuar em defesa dos interesses do Planalto e fica mais pressionado por contar
com siglas da base integrando ambos os grupos.

Já o centro na Câmara fica fortalecido com a aliança ao
assegurar determinadas prerrogativas que poderiam ir para outras siglas, se os
blocos não tivessem sido formados, e consegue mais poder de barganha ao se
posicionarem juntos. Contudo, não se pode dizer que a esquerda deve ficar
isolada.

Cuidados com o União Brasil

O União Brasil enfrenta crises internas, especialmente
com a cúpula estadual do Rio de Janeiro. A ministra do Turismo, Daniela
Carneiro, é uma das que querem se desfiliar do partido. Se ela sair da sigla, o
União deve reivindicar a vaga na pasta do governo.

O líder do União na Câmara, Elmar Nascimento (BA), disse
que o partido segue independente perante a gestão petista. Segundo ele, o
comando de pastas foi ofertado pelo governo.

“Ele [Lula] faz e desfaz no dia que quiser, quando quiser
e se quiser”, disse Elmar sobre ministérios.

No entanto, o presidente nacional do União, deputado
federal Luciano Bivar (PE), já indicou que não aceitará que a sigla perca a
indicação. Ele foi um dos principais fiadores da ida de Daniela ao comando da
pasta.

À CNN, uma liderança do União no Congresso disse que um
nome possível para eventualmente substituir Daniela Carneiro no Ministério do
Turismo é o próprio Bivar.

A crise faz com que governistas tenham alguns cuidados a
mais na hora de tratar com o União. Ressaltam, porém, que qualquer decisão cabe
somente a Lula.

Nesta última semana, os governistas tiveram que abrir mão
da relatoria da Medida Provisória do Minha Casa Minha Vida, que estava com o
deputado Guilherme Boulos (PSOL-SP), para acalmar os ânimos do União Brasil.

Boulos tinha um acordo com o governo para que assumisse a
relatoria da matéria. O União reivindicava a função pelo quesito da
proporcionalidade. Governistas tentaram negociar uma saída que não tirasse
Boulos do posto, mas, após críticas públicas de Elmar e nova reunião de líderes
com Arthur Lira, o psolista renunciou e cedeu o cargo ao nome de escolha da
bancada do União, Fernando Marangoni (SP).

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