Na comparação com os dez maiores parceiros comerciais, o Brasil registra a pior média de produtividade no setor. Dados são referentes a 2022
O setor industrial do Brasil passa um dos períodos mais desafiadores de sua história. Essa é a constatação da última pesquisa Produtividade na Indústria, da Confederação Nacional da Indústria (CNI). De acordo com o levantamento, o índice que mede a produtividade na área recuou 2,8% em 2022 — a segunda maior queda da série histórica iniciada em 2000.
Com o resultado, essa é a terceira queda consecutiva no índice, que regrediu ao mesmo patamar de 2014. Para chegar ao valor final, a CNI calcula a média entre o volume produzido pelas horas trabalhadas na produção. No ano passado, o primeiro indicador apresentou uma variação negativa de 0,4%, enquanto que houve um aumento de 2,7% no segundo.
Segundo a confederação, a explicação para a nova queda registrada em 2022 é baseada, em grande parte, nos problemas decorrentes da pandemia e da guerra da Ucrânia, que estourou em fevereiro do ano passado. A falta ou o alto custo de matérias-primas foi o maior problema relatado pela indústria brasileira entre o terceiro trimestre de 2020 e o quarto trimestre de 2022, de acordo com a pesquisa.
Durante todo o ano de 2022, ao levar em conta a série trimestral da pesquisa, a produtividade do trabalho subiu apenas no segundo semestre, quando teve uma variação positiva de 2,4%. Para a CNI, ainda é difícil prever se esse mesmo índice voltará a subir em 2023, devido aos últimos resultados, que apontaram uma queda de 2,2% no terceiro trimestre do ano passado, e uma estagnação (0,4%) nos três meses seguintes.
Queda de 9% entre 2019 e 2021
Desde o início da pandemia, o índice de produtividade na indústria já caiu 7,9%. Somente entre 2019 e 2021, a queda foi de 9%. Em uma comparação com os 10 maiores parceiros comerciais do país (à exceção de China, Rússia, Chile e Índia), o desempenho da indústria brasileira foi a pior entre todos os países analisados. Pela média geral, o Brasil recuou 5,2% nesses três anos, em relação aos demais países.
Além do Brasil, somente a França e o Japão ainda não retornaram aos índices registrados antes da pandemia no setor. Desde o início da série histórica, em 2000, o Brasil já caiu 23% na comparação com a média dos outros dez países que integram a pesquisa.
“A gente entende que, vencidos esses fatores conjunturais que estão relacionados a essas dificuldades causadas por esse contexto internacional instável, é necessário que a gente crie condições para que os investimentos sejam retomados, o que vai permitir que a produtividade comece a se recuperar”, destacou a gerente de Política Industrial da CNI, Samantha Cunha.
Segundo CNI, essa é a terceira queda consecutiva no índice, que regrediu ao mesmo patamar de 2014 –
(crédito: CLARABOIA FILMES/CNI)