À PF, governador afastado
do DF disse que somente o seu então secretário tinha acesso ao relatório de
inteligência relacionado aos atos em Brasília no dia 8
Em depoimento à Polícia Federal, o governador afastado do
Distrito Federal, Ibaneis Rocha (MDB), afirmou que somente o então secretário
de Segurança Pública, Anderson Torres, tinha o relatório de inteligência
relacionado aos atos criminosos realizados em Brasília no dia 8 de janeiro.
Nos bastidores, segundo apuração de Daniela Lima, a
avaliação que está sendo feita nas cortes superiores do Judiciário é de que a
situação de Torres se agravou e que Ibaneis está o “entregando aos leões”.
No depoimento de Ibaneis, ele declarou que não teve
acesso ao relatório de segurança sobre as manifestações e que nunca havia sido
informado sobre o risco de violência diante dos atos em Brasília.
O governador afastado afirmou que deu poderes à alta
cúpula da Secretaria de Segurança Pública do DF para que as autoridades de
segurança pudessem agir para conter as invasões, mas que foi surpreendido
quando viu que a polícia não apareceu para defender a Esplanada dos
Ministérios.
Além disso, Ibaneis deu a entender de que foi
surpreendido com a ida de Torres aos Estados Unidos. Segundo o governador
afastado, soube da viagem somente ao ligar para o então secretário. “O fato de
ele estar fora do Brasil, naquele dia crítico, acabou com minha confiança. Por
isso eu o demiti”, disse à Polícia Federal.
Ibaneis foi afastado do cargo um dia depois dos ataques
em Brasília, por ordem do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal
Federal (STF). O afastamento é por 90 dias.
Defesa
Ainda de acordo com apuração de Daniela Lima, Ibaneis
contratou um dos mais respeitados advogados criminalistas do país, Alberto
Toron, para ajudar em sua defesa.
Antes de prestar depoimento à Polícia Federal, o
governador afastado do DF havia enviado interlocutores às cortes superiores.
Isso porque suas preocupações no momento são: voltar para cargo – o que só vai
tentar em fevereiro, após o fim da intervenção federal– e em não ter os bens
bloqueados.
Estes interlocutores assumiram ao STF que Ibaneis
colaborará e dizer tudo que estiver ao seu alcance, apontando os caminhos,
pois, segundo essas fontes, ele também quer ver as punições serem realizadas.
No caso de Anderson Torres, a avaliação é de que a
situação dele se agravou após a revelação de que a Polícia Federal encontrou na
casa dele uma minuta de um decreto da época em que ele era ministro da Justiça.
O texto teria o objetivo de criar uma comissão que poderia alterar o resultado
da eleição que terminou com a derrota de Jair Bolsonaro (PL). Clique aqui para
ver a íntegra do documento.
Em suas redes sociais, Torres disse que a minuta seria
descartada e que o documento foi “vazado fora de contexto” para ajudar a
“alimentar narrativas falaciosas” contra ele.
Torres já teve a prisão decretada por Alexandre de Moraes
e a expectativa é de que ele seja preso neste sábado (14), assim que chegar ao
Brasil. A Polícia Federal, inclusive, já mobilizou seus superintendentes para a
operação da prisão.











