A tempestade Elias despejou meses de chuva em um único dia na Grécia, ocorrendo na quarta-feira (27), poucas semanas após a tempestade Daniel ter causado 17 mortes no país.
A tempestade Elias trouxe o equivalente a meses de chuva em menos de 24 horas à Grécia, seguindo apenas algumas semanas após a tempestade Daniel ter deixado 17 mortos no país.
Aldeias ficaram inundadas, estradas foram submersas e escolas tiveram que fechar em várias cidades. O primeiro-ministro grego, Kyriakos Mitsotakis, convocou serviços de emergência e militares para fortalecer as defesas, especialmente na região norte da Tessália.
Desde a terça-feira (26), os bombeiros transferiram mais de 3.000 pessoas para locais seguros devido ao agravamento das condições climáticas.
Na quarta-feira à noite, o Banco de Dados Europeu de Tempo Severo informou que vários meses de chuva caíram nas últimas 24 horas, e mais precipitações eram esperadas. A tempestade estava prevista para continuar pelo menos até quinta-feira (28), com chuvas fortes, granizo e trovoadas, conforme anunciado pelo serviço meteorológico da Grécia.
A tempestade afetou principalmente o centro da Grécia, uma região ainda se recuperando das consequências da tempestade Daniel, que atingiu o país no início de setembro, destruindo casas, inundando aldeias e causando pelo menos 17 mortes.
Volos, uma cidade portuária na Tessália, foi duramente atingida por ambas as tempestades. Durante a passagem da tempestade Daniel, Volos recebeu mais de 10 vezes a média de chuva para setembro, enquanto a tempestade Elias inundou estradas próximas ao porto, levando a proibição de tráfego na cidade como medida de precaução pela polícia grega.
Segundo o Banco de Dados Europeu de Tempo Severo e a Organização Meteorológica Mundial, Volos registrou 298 mm de chuva em um período de 14 horas durante a tempestade Elias, mais de oito vezes a média de setembro da cidade.
Outras cidades gregas também enfrentaram chuvas intensas. Limni recebeu 216 mm em 7 horas, e Istiaia registrou 140 mm em 3,5 horas. A emissora pública grega ERT relatou inundações de aldeias e desmoronamento de estradas na ilha de Evia, que já havia sido devastada por incêndios florestais em 2021.
A Grécia é apenas um dos pelo menos 10 países e territórios que enfrentaram graves inundações neste mês.
Os cientistas alertam que eventos climáticos extremos desse tipo, que afetam países em todo o mundo, podem se tornar mais comuns à medida que a crise climática se intensifica, colocando pressão sobre os governos para se prepararem.
O ministro grego do Meio Ambiente, Theodoros Skylakakis, afirmou em 12 de setembro que as inundações causadas pela tempestade Daniel, após incêndios florestais devastadores no país, “têm as características das mudanças climáticas”. Ele explicou: “Tivemos o verão mais quente já registrado. O mar estava muito quente, o que levou a esse evento meteorológico excepcional.
Tempestade Daniel
A tempestade Daniel, também conhecida como ciclone Daniel, foi o ciclone tropical mediterrâneo mais letal já registrado, bem como o fenômeno meteorológico mais mortal de 2023. Ela causou danos devastadores na Líbia e também afetou partes do sudeste da Europa. Originada como um sistema de baixa pressão em torno de 4 de setembro de 2023, a tempestade impactou a Grécia e a Bulgária, causando graves inundações. Posteriormente, a tempestade se transformou em uma Baixa Mediterrânea e foi nomeada como Tempestade Daniel, adquirindo rapidamente características quase tropicais (TLC) enquanto avançava em direção à costa da Líbia. Lá, provocou inundações catastróficas antes de se dissipar como uma depressão remanescente.
O fenômeno ficou conhecido como “tempestade Daniel” devido ao seu desenvolvimento inicial na Grécia, recebendo esse nome do Serviço Meteorológico Nacional Helênico. Na Grécia, a primeira fatalidade devido às chuvas intensas ocorreu no dia 5. Nesse mesmo dia, as autoridades já declararam que a tempestade representava o “maior evento extremo em termos de quantidade de chuva em 24 horas” desde o início dos registros no país. Após cinco dias de tempestades, as inundações resultaram em 15 mortes na Grécia. Alguns locais na Grécia chegaram a registrar 750 milímetros de chuva em apenas 24 horas.
O sistema de tempestades também afetou a Turquia e a Bulgária.
De acordo com a Organização Meteorológica Mundial (OMM), a tempestade que atingiu a Europa adquiriu características de “medicane” à medida que se deslocava em direção à Líbia.
Na Líbia, a tempestade atingiu o pico no nordeste no dia 10, com ventos fortes variando entre 70 e 80 km/h. Além disso, chuvas torrenciais de até 240 mm causaram inundações em várias cidades da Líbia, incluindo Al-Bayda, que registrou um recorde de 414,1 mm em 24 horas (das 8h do dia 10 até 8h do dia 11), de acordo com o Centro Meteorológico Nacional. Bairros inteiros da cidade de Derna desapareceram após o colapso de duas antigas barragens, conforme relatado pelo serviço meteorológico líbio.
Tribuna Livre Brasil com informações da CNN
