Até terça-feira (13), crianças com idades entre 10 e 11 anos podem receber a vacina em 15 Unidades Básicas de Saúde (UBSs). A partir de quarta-feira, o medicamento estará disponível em todas as 124 salas de vacinação da capital federal.
Nos olhos do jovem Enzo Machado, de 10 anos, o alívio era evidente. Com um dos braços segurados pela mão, ele deixou a Unidade Básica de Saúde (UBS) 1 do Cruzeiro com um sorriso estampado, após receber a primeira dose da vacina contra a dengue. Nesta sexta-feira (9), teve início a campanha de imunização na rede pública de saúde do Distrito Federal, com mais de 71 mil doses disponíveis para vacinar crianças de 10 e 11 anos.
“Eu estava um pouco preocupado, com medo de pegar dengue, né? Mas agora que tomei a vacina, estou protegido”, comemorou Enzo. “Mesmo assim, vou continuar usando repelente quando for à escola. E minha família vai continuar tomando cuidado para não deixar água parada em casa, porque é onde o mosquito coloca os ovos”, acrescentou o menino.
A ministra da Saúde, Nísia Trindade, visitou a UBS 1 do Cruzeiro para acompanhar o primeiro dia de vacinação. O local recebeu 2 mil doses. “Este é um momento histórico – após 40 anos de espera por uma vacina contra a dengue, uma doença que há muito tempo representa um problema de saúde pública”, afirmou. “Estamos trabalhando para ampliar o fornecimento de doses, com o apoio da Fiocruz e de outros laboratórios nacionais. Além disso, vamos apoiar a vacina do Instituto Butantã.”
Prioridade no fornecimento
Inicialmente, o Ministério da Saúde informou que o Distrito Federal receberia 194 mil doses da vacina, o suficiente para imunizar toda a população de 10 a 14 anos. No entanto, na tarde de quinta-feira (8), foram entregues 71.708 doses. Essa redução alterou o público-alvo desta primeira fase da vacinação, que passou a atender crianças de 10 e 11 anos.
Segundo o diretor do Programa Nacional de Imunizações (PNI), Eder Gatti, a mudança no cronograma permitiu que o DF e outros 521 municípios considerados endêmicos para a dengue fossem atendidos de forma mais rápida. “Até março, todas as crianças de 10 a 11 anos nessas localidades serão vacinadas”, garantiu. “E ao longo do ano, avançaremos com a vacinação em outras faixas etárias até os 14 anos, além de garantir a segunda dose que todos precisarão receber após 90 dias.”
O governo federal pretende trabalhar, em 2024, com um quantitativo superior a 6 milhões de doses, o que imunizaria cerca de 3 milhões de pessoas. “O Ministério da Saúde comprou todas as doses disponíveis, que estão sendo distribuídas de forma contínua – à medida que a vacina chega, ela é entregue”, observou Gratti. “Mudanças futuras no cronograma e até mesmo a previsão de um cenário para o próximo ano dependerão do aumento da capacidade de produção e do surgimento de novas vacinas.”
Acesso universal
A secretária de Saúde do Distrito Federal, Lucilene Florêncio, destacou que o acesso às vacinas na rede pública de saúde é universal – todas as crianças de 10 e 11 anos que não tenham imunodeficiência congênita ou adquirida podem ser vacinadas. “Inclusive aqueles que receberam a primeira dose na rede privada podem receber a segunda dose pelo SUS (Sistema Único de Saúde)”, informou. “A vacina é a mesma, produzida pelo mesmo fabricante… Não há barreiras de acesso aqui.”
Durante todo o Carnaval, 15 unidades básicas de saúde (UBSs) fornecerão a vacina. A partir de quarta-feira (14), o medicamento estará disponível em todas as 124 salas de vacinação do Distrito Federal. “Temos 11 unidades básicas de saúde abertas até as 22h, 53 funcionando até o meio-dia de sábado e outras 10 que abrem aos sábados e domingos. Além disso, nossas nove tendas de hidratação estarão abertas durante o Carnaval”, detalhou Lucilene.
A médica ressaltou que a vacinação é parte de um conjunto de medidas contra a dengue, mas que a vacina por si só não acabará com a epidemia da doença. “A busca por criadouros dentro das residências e a gestão adequada dos resíduos devem continuar”, alertou. “Atualmente, temos 769 agentes de vigilância ambiental realizando um trabalho conjunto com 247 militares do Exército e 300 bombeiros na visitação às residências do DF.”
Guiomar Lobato, moradora da Colônia Agrícola 26 de Setembro, comemorou a vacinação de sua filha Helena, de 10 anos. “Como moramos em uma área rural, a presença do mosquito geralmente é mais intensa. Meu marido mesmo teve dengue na semana passada e ainda está se recuperando da doença”, disse a servidora de 49 anos. “Tenho certeza de que a vacina é a melhor solução para evitar a epidemia, mas também precisamos cuidar de nossas casas para evitar a propagação do Aedes aegypti.”
Tribuna Livre, com informações da Agência Brasília