A Igreja permitiu a bênção a casais homoafetivos, bem como a outros considerados ‘irregulares’ de acordo com as regras católicas, como os casais em segunda união.
Nesta segunda-feira (18), a Igreja publicou uma declaração doutrinária que permite bênçãos a casais homoafetivos e outros considerados “irregulares” pelas regras católicas, como os casais em segunda união. Intitulado Fiducia Supplicans, o documento foi emitido pelo Dicastério para a Doutrina da Fé, antigo Santo Ofício, com aprovação do papa Francisco. O Dicastério para a Doutrina da Fé tem a função dentro da Igreja Católica de “promover e tutelar a doutrina católica sobre fé e moral”. Este é o primeiro documento do tipo que o órgão publica em 23 anos, sendo o primeiro sob o comando do argentino Victor Fernández.
O documento corrige uma declaração anterior emitida pelo mesmo dicastério em 2021, enfatizando que o catolicismo não abençoava uniões homoafetivas. A repercussão desse comunicado indicou que o papa Francisco não estava satisfeito com a abordagem e influenciou a publicação atual.
Embora alguns interpretem isso como um possível passo em direção ao reconhecimento do matrimônio católico homoafetivo, especialistas esclarecem que não é o caso. A declaração reafirma o sacramento do matrimônio e revisa o significado da bênção, delineando tipos específicos de bênçãos dentro da doutrina da Igreja. Destaca-se que, do ponto de vista estritamente litúrgico, os católicos precisam estar em conformidade com os ensinamentos da Igreja para receber uma bênção.
Essa medida visa criar uma categoria para garantir o acolhimento aos homossexuais sem conceder um sacramento de casamento homoafetivo. O documento distingue entre bênçãos sacramentais e bênçãos mais simples, ressaltando que, em uma esfera de espontaneidade e liberdade, a bênção pode ser concedida a pessoas em “situações irregulares”. Embora isso não represente uma aprovação formal da relação, indica um reconhecimento do desejo de fazer o bem.
A nomeação de Victor Fernández para liderar o Dicastério para a Doutrina da Fé sugere uma abordagem mais aberta a questões morais e contemporâneas, afastando-se de métodos imorais do passado associados ao Santo Ofício. O documento enfatiza a necessidade de cuidado pastoral, permitindo que padres concedam bênçãos pastorais, mesmo que não sejam sacramentais, aos fiéis que buscam ajuda de Deus em suas vidas.
Tribuna Livre, com informações da BBC News