O Pontífice assume o papel do político quase tão frequentemente quanto veste a batina.
Ser papa em meio à intensa polarização e à onipresença digital requer mais do que profundos conhecimentos teológicos, carisma pastoral e fé. Francisco, o 266.º sumo pontífice na longa tradição da Igreja Católica, incorpora frequentemente a figura do político, assim como utiliza sua batina.
Essa habilidade, embora tenha atingido proporções globais nos últimos anos, não é nova. Durante seu período como arcebispo de Buenos Aires, Jorge Bergoglio (seu nome antes de se tornar papa) enfrentava a oposição de alguns bispos mais conservadores, como monsenhor Héctor Aguer, considerado seu maior antagonista no episcopado argentino.
Nos últimos meses, Francisco tomou decisões notáveis, demitindo o bispo Joseph Strickland, do Texas, e despejando o cardeal Raymond Burke de seu apartamento no Vaticano, cortando seu salário. Além disso, reduziu os poderes do grupo católico conservador Opus Dei.
O pontífice também autorizou bençãos a casais homossexuais e agiu de forma mais dura com o rito tridentino, proibindo praticamente esse tipo de missa. Especialistas apontam que as críticas a Francisco muitas vezes visam desqualificar sua autoridade moral devido a suas posições sociais e ambientais.
Ao enfrentar resistência, Francisco tem agido de maneira pragmática, afastando opositores sem humilhá-los. Nesse processo de consolidação, ele nomeia pessoas de sua confiança para postos-chave no Vaticano, buscando garantir que sua visão para a Igreja perdure.
A polarização e a oposição a Francisco são intensificadas pela exposição midiática e pelas redes sociais. No entanto, o pontífice, consciente da importância da comunicação instantânea, tem buscado plantar o futuro, preparando a igreja para um sucessor alinhado com suas ideias.
Tribuna Livre, com informações da BBC NEWS