08/11/2025

Altman e os acordos da openai: um risco calculado ou aposta audaciosa?

Rashi Shrivastava

Sam Altman, CEO da OpenAI, tem firmado acordos multibilionários com gigantes da tecnologia como Oracle, Nvidia, Microsoft, AMD, Broadcom e, mais recentemente, Amazon. O montante total de investimento em data centers nos próximos anos alcança a cifra de US$ 1,4 trilhão, um valor considerável para uma empresa que projeta uma receita anual de US$ 20 bilhões para este ano. Essa situação levanta questionamentos sobre a capacidade da OpenAI de honrar seus compromissos e as possíveis consequências para o setor tecnológico, cada vez mais dependente da empresa.

Em um evento recente, a diretora financeira da OpenAI, Sarah Friar, chegou a sugerir que o governo poderia servir como “garantia” para os compromissos da empresa, declaração que posteriormente foi revista. Altman, por sua vez, abordou a questão em uma publicação na rede social X, afirmando que, caso a OpenAI não consiga cumprir suas obrigações, a empresa deverá falir, e outras companhias assumirão a responsabilidade de atender aos clientes. Ele enfatizou que o mercado, e não o governo, será o responsável por lidar com a situação caso a OpenAI fracasse.

Para cumprir os compromissos assumidos com a capacidade computacional, a OpenAI precisaria aumentar sua receita para cerca de US$ 577 bilhões até 2029, um valor próximo à receita projetada para o Google no mesmo período. Esse crescimento representaria um aumento de aproximadamente 2900% em relação às projeções atuais para 2025, números considerados “absurdos” por analistas.

Apesar dos desafios, a OpenAI possui alternativas. Um cenário possível é que a empresa utilize apenas uma parte da capacidade computacional contratada. Nesse caso, empresas como Oracle, Amazon, Microsoft e CoreWeave provavelmente renegociarão os contratos para garantir algum retorno financeiro, evitando um possível cenário de falência da OpenAI.

A renegociação de contratos é uma prática comum no setor de data centers, onde acordos complexos se estendem por vários anos. Os clientes geralmente são cobrados com base no uso, e os valores anunciados costumam ser superiores aos valores reais comprometidos em contrato, devido a variáveis como preço das ações, custo de construção do data center e preço da GPU. Os contratos também podem conter cláusulas condicionais importantes, relacionadas a restrições no fornecimento de energia e na disponibilidade de chips, permitindo que a OpenAI se esquive do pagamento de parte do valor total.

Na visão de Altman, o maior risco é não ter acesso a poder computacional suficiente para treinar e executar modelos de IA mais avançados, um fator crucial para o crescimento da receita. Ele acredita que o risco de não ter poder computacional suficiente é mais significativo do que o risco de ter poder computacional em excesso. A empresa também estuda maneiras de vender poder computacional diretamente para outras empresas.

Altman sempre priorizou a escalabilidade. Ele já declarou que a inteligência de um modelo de IA é proporcional ao logaritmo dos recursos usados para treiná-lo e executá-lo, defendendo que investimentos nesses recursos geram ganhos contínuos e previsíveis. Antes mesmo do lançamento do ChatGPT, ele incentivava seus funcionários a “aumentar a escala e ver o que acontece”, considerando essa estratégia eficaz em diversas áreas, desde grandes redes neurais até reatores de fusão.

Especialistas observam que Altman não possui participação financeira na OpenAI, o que lhe confere uma vantagem nas negociações. Ele pode se comprometer com valores elevados, sabendo que não enfrentará consequências financeiras diretas caso os acordos não sejam cumpridos. Essa postura, no entanto, é criticada por alguns especialistas em governança corporativa, que questionam a responsabilidade de líderes que se comportam de maneira peculiar e não arcam com as consequências de suas ações.

Enquanto a OpenAI cresce, gigantes da tecnologia se apressam em fechar acordos com a empresa, colhendo os frutos dessa parceria. Oracle, Nvidia, AMD e Broadcom ganharam um total de US$ 636 bilhões em valor de mercado nos dias em que seus acordos foram anunciados. Mais recentemente, o anúncio de um acordo de infraestrutura de IA de US$ 38 bilhões com a Amazon impulsionou as ações da empresa, adicionando US$ 10 bilhões ao patrimônio líquido de Jeff Bezos.

Empresas envolvidas nesses acordos já demonstraram disposição para se socorrer mutuamente. A Nvidia, por exemplo, anunciou que compraria a capacidade computacional não vendida da CoreWeave até 2032, em um contrato inicialmente avaliado em US$ 6,3 bilhões. Essa quantia poderia ser expandida para incluir a capacidade não utilizada pela OpenAI, que é a maior cliente da CoreWeave.

Se a OpenAI entrasse com pedido de proteção contra falência, os detentores de dívida seriam os primeiros a receber o pagamento, seguidos pelos investidores em ações e, por fim, pelos acionistas ordinários. Até o momento, a OpenAI anunciou apenas uma linha de crédito de US$ 4 bilhões com nove bancos, incluindo JPMorgan, Citi, Goldman Sachs e Morgan Stanley.

O principal acionista da OpenAI é a Microsoft, que detém 27% da empresa. A Microsoft investiu US$ 11,6 bilhões de seu compromisso de US$ 13 bilhões com a OpenAI, e a OpenAI se comprometeu a adquirir US$ 250 bilhões em serviços de computação do Microsoft Azure nos próximos anos. Outros grandes acionistas incluem Thrive, SoftBank e Dragoneer.

As negociações de Altman impressionam, embora muitos dos pagamentos só vençam daqui a alguns anos. No dinâmico mundo da IA, esse tempo pode ser suficiente para encontrar soluções para honrar os compromissos, seja por meio de novas rodadas de financiamento ou um crescimento exponencial da receita. A resposta para essa questão ainda permanece incerta.

Fonte: forbes.com.br

Leia também
Líder da máfia italiana, Matteo Denaro morre aos 61 anos
Líder da máfia italiana, Matteo Denaro morre aos 61 anos
Joe Biden;  Estados Unidos
Os Estados Unidos reconhecem as Ilhas Cook e Niue como nações independentes
ESP
As imagens falsas de crianças nuas geradas por Inteligência Artificial que chocaram cidade da Espanha
Crianças roubam carro da mãe após perderem acesso a dispositivos eletrônicos nos EUA
Crianças roubam carro da mãe após perderem acesso a dispositivos eletrônicos nos EUA
M1
Homem com doença terminal cardíaca recebe transplante de coração de porco
Agentes armados em região separatista
Separatistas de Nagorno-Karabakh entregam armas ao Azerbaijão e negociam retirada de tropas
CAÇA
Militares dos EUA localizam caça que 'se camuflou' após piloto ejetar
IRÃQ
Pai de jovem iraniana morta por violar código de vestimenta é preso no Irã
FUGITIVO
Brasileiro capturado: Danilo Cavalcante diz à polícia que planejava fugir
MILLEI
Lula é um "socialista com vocação autoritária", classifica Javier Milei
FORAGIDO
Brasileiro foragido nos EUA trocou tiros com morador e mobiliza 500 policiais
LIBIA
'Bairros foram varridos do mapa': as enchentes que deixaram centenas de mortos na líbia

Título: Alerta em Belém: Autoridades apuram possível plano de ataque a usina Conteúdo: O governo federal está investigando uma possível ameaça de ataque a uma empresa de energia localizada em Belém, no estado do Pará. A informação sobre a potencial ação criminosa foi inicialmente comunicada pela própria empresa às autoridades

Leia mais...

Mulheres aceleram no automobilismo e miram vagas na fórmula 1

O automobilismo, um esporte tradicionalmente dominado por homens, tem visto um aumento significativo no interesse e participação feminina. Apesar de representarem apenas 4% dos pilotos profissionais no Brasil, segundo dados da Confederação Brasileira de Automobilismo (CBA), o número de mulheres envolvidas no esporte, tanto nas pistas quanto fora delas, está

Leia mais...

Alain Prost Defende: Caso Mosley Deve Ser Interno à FIA

O tetracampeão mundial de Fórmula 1, Alain Prost, manifestou sua opinião sobre o caso envolvendo Max Mosley, ex-presidente da Federação Internacional de Automobilismo (FIA). Prost defende que o escândalo sexual no qual Mosley se viu envolvido deve ser resolvido internamente pela FIA, sem a necessidade de um julgamento público externo.

Leia mais...

Família de Hidrolândia busca por estudante desaparecida

Ana Beatriz saiu de casa para comprar um lanche em um supermercado próximo à sua residência por volta das 9h e não retornou A família de Ana Beatriz, uma estudante de 13 anos de Hidrolândia, pede ajuda para encontrar a adolescente, que desapareceu na manhã de quarta-feira (5). Ela saiu

Leia mais...

Concurso de Desenho do GDF premia 12 crianças

Trabalhos de filhos, enteados e netos de servidores vão estampar calendário institucional de 2026 A tarde desta quinta-feira (6) foi marcada por sorrisos, cores e emoção no auditório da Escola de Governo (Egov). Doze crianças, entre 5 e 12 anos, foram premiadas na 5ª edição do Concurso de Desenho 2025,

Leia mais...

A sua privacidade é importante para o Tribuna Livre Brasil. Nossa política de privacidade visa garantir a transparência e segurança no tratamento de seus dados pessoais.