18/09/2025

Atentados golpeiam Cisjordânia e Tel Aviv e deixam três mortos

 Atiradores emboscam carro no Vale do Jordão, região norte
de Israel, e assassinam duas irmãs. Horas mais tarde, homem lança veículo
contra pedestres, mata italiano e fere cinco turistas. Netanyahu mobiliza
reservistas


(crédito: Ahmad Gharabli/AFP)

Era o terceiro dia do Pessach, a Páscoa judaica. Uma
mulher de 48 anos e as filhas, de 21 e de 15, deixaram o assentamento de Efrat,
no Vale do Rio Jordão, região norte da Cisjordânia, em uma viagem para
aproveitarem o feriado. O pai seguia em um carro mais a frente, acompanhado de
duas crianças. Atiradores emboscaram o veículo que levava as três mulheres —
todas imigrantes britânicas. As duas irmãs morreram na hora; a mãe foi
hospitalizada, em estado crítico. Até o fechamento desta edição, a polícia de
Israel seguia em busca dos autores do atentado.

Por volta das 21h40 (15h40 em Brasília), quase quatro
horas depois do início do shabat (o dia de descanso do judaísmo), um homem
identificado como Yousef Abu Jaber, 44 anos, morador da cidade árabe-israelense
de Kar Qasem, avançou com o carro em alta velocidade sobre o calçadão de Tel
Aviv, à beira-mar, e atropelou vários pedestres. Alessandro Parini, um advogado
italiano de 36 anos, não resistiu às lesões e faleceu no local. Ele passava as
férias na cidade. Pelo menos cinco pessoas ficaram feridas, todas elas seriam
turistas da Itália e do Reino Unido.

“Um policial que estava em um posto de combustível
próximo escutou um barulho e percebeu um carro capotado, além de várias pessoas
deitadas no chão. Ele se aproximou do carro e viu que o motorista tentava pegar
uma arma em seu poder. O policial e inspetores da Prefeitura de Tel Aviv
neutralizaram o terrorista”, informou a polícia de Israel, em seu perfil
no Twitter. Ainda segundo a postagem, Abu Jaber não possuía ficha criminal.

Militantes da Jihad Islâmica distribuíram doces, na
cidade de Tulkarem (Cisjordânia), como forma de comemorar o atentado em Tel
Aviv. O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, ordenou a mobilização
da Polícia de Fronteira e convocou reservistas das Forças de Defesa de Israel
(IDF) em resposta aos ataques.

Chefe do Departamento Político e de Relações Exteriores
do Hamas na Faixa de Gaza, Bassem Naim afirmou ao Correio não saber quem é o
responsável pelo atentado contra duas irmãs e a mãe no Vale do Jordão.
“Geralmente, o movimento… Nós consideramos o direito do palestino sob
ocupação resistir com todos os meios. Isso é garantido pelo direito
internacional. Nesse caso, em particular, falamos de colonos que confiscaram e
roubaram a terra de palestinos e construíram, ali, casas e fazendas. Temos uma
causa a mais para resistir, porque as próprias resoluções da ONU atestam que a
ocupação com assentamentos nos territórios das fronteiras de 1968 é algo ilegal
e minam qualquer solução política”, comentou, por telefone.

Naim também negou envolvimento do Hamas nos atentados em
Tel Aviv, mas disse que são “uma resposta esperada ao terrorismo de Estado
israelense”. De acordo com ele, a situação na Faixa de Gaza é “muito
tensa e perigosa”. “Podemos escutar, o tempo, os drones israelenses
se movendo pelo céu, do sul ao norte. Neste momento, ouvimos bombardeios. (…)
A agressão contínua contra os palestinos minará a própria segurança de Israel e
de seu povo”, advertiu o líder do Hamas.

Múltiplas frentes

Tenente-coronel da reserva e ex-porta-voz das IDF, Peter
Lerner explicou à reportagem que, desde quinta-feira, o país tem estado sob
ataque em todas as frentes: Líbano, Gaza, Cisjordânia e Tel Aviv. “O Hamas
é o principal agitador de violência e incitamento. Por isso, as IDF realizam
ofensivas contra a infraestrutura do Hamas na Faixa de Gaza e em território
libanês”, disse. “Os atentados de hoje (ontem) são inspirados pelo
Hamas, e uma conexão direta ainda não foi feita. Os próximos dias serão críticos
para reduzir as tensões.”

Mais cedo, as IDF tornaram a bombardear a Faixa de Gaza.
Na fronteira norte do país, a aviação israelense teria disparado mísseis contra
a cidade libanesa de Tiro, um dia depois de 34 foguetes serem lançados a partir
do Líbano — o mais grave incidente desde 2006. Egito e Catar condenaram a
escalada de violência na região e recomendaram “máxima contenção”.

“Eu só quero ter uma vida normal, poder sair”,
desabafou ao Correio o jornalista Shuaib Yousef, 39, morador do bairro de
Rimal, na Cidade de Gaza. “Parece que, enquanto os eventos prosseguirem na
Mesquita de Al-Aqsa (em Jerusalém), os atos de violência e de represália
continuarão”, comentou. Segundo Yousef, a madrugada de ontem foi
particularmente tensa. “Escutamos o barulho de explosões muito fortes; as
crianças viveram um terror, com medo. Tudo deve ter ocorrido a 10 minutos de
minha casa”, acrescentou.

Na noite de terça-feira, a polícia israelense invadiu a
mesquita, considerado o terceiro local mais sagrado para o islã, e prendeu pelo
menos 350 muçulmanos. As forças de segurança de Israel afirmam que um grupo de
agitadores tinha se misturado aos fiéis e lançado pedras e rojões contra os
policiais.

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