20/09/2025

Bancada feminina cresce no Congresso e luta para ter mais voz

 Parlamentares chamam
atenção para o fato de que, mesmo tendo o maior número de representantes da
história na Câmara (91) e no Senado (15), elas ficaram com pouquíssimo espaço
nas duas Mesas Diretoras.


(crédito: AFP /
EVARISTO SA)

Com representatividade recorde nas Casas Legislativas, as mulheres
cobram agora espaços de liderança dentro do Legislativo. Parlamentares chamam
atenção para o fato de que, mesmo tendo o maior número de representantes da
história na Câmara (91) e no Senado (15), elas ficaram com pouquíssimo espaço
nas duas Mesas Diretoras. Com a definição das presidências das Comissões
durante a semana que passou, a cobrança é para que um número maior delas seja
ocupado por mulheres.

“Eu acho que nós iniciamos a legislatura com uma contradição: nós
ampliamos o número de mulheres, o que é muito positivo, mas diminuímos o número
de mulheres na Mesa Diretora. De três, agora só tem eu”, disse a deputada
federal Maria do Rosário (PT-RS) ao Correio. “Na próxima semana, quando
for debatido as comissões, isso pode ser compensado. A gente reivindica mais
mulheres no comando.”

Na 57ª Legislatura, a Câmara subiu de 77 mulheres eleitas em 2019 para
91 em 2023. No Senado, logo após a eleição, o cenário era pessimista: a
expectativa era de que a bancada feminina caísse de 12 para 11 senadoras.
Porém, como vários parlamentares foram escolhidos para chefiar os ministérios
do novo governo, o número de senadoras saltou para 15, com a entrada das
suplentes na sexta-feira. Dos cinco ministros que se licenciaram dos mandatos,
quatro têm mulheres como primeiras suplentes. Caso deixem as pastas, porém,
eles retornam ao Senado.

“Faz bem para a democracia renovar o parlamento com a experiência
das parlamentares. A presença de mulheres em todas as instâncias e ramos dos
espaços de poder é exigência de uma sociedade plural”, celebrou a
procuradora especial da Mulher do Senado, Leila Barros (PDT-DF). “É uma
bancada com representantes de diferentes campos políticos. Tenho confiança de
que, assim como na última Legislatura, haverá união entre as senadoras para
encontrar as soluções legislativas necessárias para a defesa dos direitos das
mulheres”, acrescentou.

Durante a votação da Mesa Diretora do Senado, na quinta, a senadora foi
uma das que denunciaram a falta de mulheres nos cargos. “Venho reiterar
aqui a ausência de uma figura feminina na Mesa do Senado Federal. Peço apenas a
reflexão de todos os senadores, dos líderes dos partidos, porque sei que são os
ritos da Casa, mas ainda seguimos com uma grande dificuldade de entendimento
desta Casa quanto à participação das mulheres dentro dos processos de decisão
aqui. Estamos no século 21 e não é mais possível que toda vez que se tem um
processo nesta Casa, uma senadora tenha de se levantar e dizer presente. Nós
existimos!”

Questionada sobre as ações que a bancada feminina do Senado vai tomar,
Leila respondeu que a Casa ainda passa pelo processo de definir blocos,
comissões e lideranças. Após esse processo, as parlamentares irão se reunir
para acertar a linha de atuação. “Particularmente, eu sou uma defensora da
adoção de ações afirmativas para eliminarmos essas distorções históricas que
relegam a mulher a um segundo plano na política. O fato é que, desde 2015, pelo
menos, a reserva de cadeiras no Parlamento já é objeto de projetos de lei que
reservam 10%, 12%, 30%, mas sem o menor sucesso de aprovação”, explicou a
senadora.

Na Câmara, a bancada feminina entregou ao presidente da Casa, Arthur
Lira (PP-AL), uma carta-compromisso contanto pontos prioritários para a nova
legislatura, incluindo a garantia da participação de mulheres na composição das
Mesas Diretores e nas presidências das comissões, de pelo menos 30%.

A deputada Maria do Rosário disse ainda que deve apresentar, nesta
semana, uma proposta a Lira para que a Casa assine o programa HeForShe da
Organização das Nações Unidas (ONU), que incentiva a participação de homens e
pessoas de todos os gêneros na luta contra a violência contra as mulheres e
pela paridade, “de forma que não só nós mulheres, mas a Câmara e ele
(Lira) mesmo liderem uma atuação de homens também”.

Deixe um comentário

Leia também
Ministro Barroso afirma que a alternância de poder é uma parte essencial da vida.
Ministro Barroso afirma que a alternância de poder é uma parte essencial da vida.
Lula busca sintonia com Lira para tocar acordos
Lula busca sintonia com Lira para tocar acordos
Decisão do STF contra réus do 8/1 é criticada por dupla punição e deve ser alvo de recursos
Decisão do STF contra réus do 8/1 é criticada por dupla punição e deve ser alvo de recursos
TCU pede informações ao governo sobre ações de combate a fraudes em compras internacionais
TCU pede informações ao governo sobre ações de combate a fraudes em compras internacionais
MARCO TEMPORAL
Marco temporal: a histórica vitória dos indígenas no Supremo
DINO
Lula é alertado sobre uma consequência negativa de indicar Dino ao STF
LULA
Lira alerta que governo deve ter cuidados com "excessos" da PF
LULA
Presidente Lula participa de jantar com empresários em Nova York
CONGRESSO
Candidaturas de mulheres e negros sob ataque em propostas no Congresso
voo
Lula vai para Cuba e Estados Unidos, e passa Presidência a Alckmin
RODRIGO
Senado vai apresentar PEC para criminalizar porte de drogas
XANDE
8/1: Defesa de acusado diz que julgamento é político; Moraes rebate

Câmara aprova regime de urgência para projeto sobre anistia

Proposta poderá ser votada nas próximas sessões do Plenário A Câmara dos Deputados aprovou o requerimento de urgência para o Projeto de Lei 2162/23, sobre anistia aos participantes de manifestações reivindicatórias de motivação política ocorridas entre o dia 30 de outubro de 2022 e o dia de entrada em vigor

Leia mais...

A sua privacidade é importante para o Tribuna Livre Brasil. Nossa política de privacidade visa garantir a transparência e segurança no tratamento de seus dados pessoais.