01/06/2025

CFM defende no STF proibição da assistolia fetal em casos de estupro

Reprodução

O presidente do CFM, José Hiran, conversou com Alexandre de Moraes e afirmou que indução do parto após 22 semanas é medida mais indicada

O presidente do Conselho Federal de Medicina (CFM), José Hiran Silva Gallo, foi até o Supremo Tribunal Federal (STF) para conversar com o ministro Alexandre de Moraes sobre assistolia fetal. Moraes suspendeu uma resolução do CFM que proíbe o uso da técnica clínica de assistolia fetal para a interrupção de gestações acima de 22 semanas decorrentes de estupro.

A liminar de Moraes está em plenário virtual para referendo da Corte. José Hiran conversou com o ministro por cerca de 15 minutos. Durante o encontro reiterou o posicionamento do conselho acerca da proibição do método e entregou um memorial de como é feito o procedimento. “A técnica de assistolia fetal é prejudicial ao feto e para a mãe também. É cruel. Defendemos que seja feito outro método”, disse o presidente do CFM.

José Hiran ressaltou que as mulheres estupradas “sempre terão total apoio dos médicos brasileiros”, mas que a assistolia deve continuar proibida. O presidente do CFM defendeu que um método alternativo para se interromper a gravidez seria a indução do parto, pois acima de 22 semanas, o bebê pode nascer com vida e ser levado para a adoção.

“O CFM apoia a mulher brasileira e repudia qualquer tipo de agressão à mulher, principalmente o conselho. Tem que ter agilidade do sistema para atender a mulher, 22 semanas é o sistema que prevê. Se não tiver atendimento precoce é uma falha do sistema de saúde”, disse.

Decisão

A decisão liminar de Alexandre de Moraes determinou a suspensão da proibição do método chamado de assistolia fetal, que consiste no uso de medicações para interromper os batimentos cardíacos do feto, garantindo com que ele seja retirado do útero sem sinais vitais. Video

O procedimento é recomendado pela Organização Mundial da Saúde (OMS) quando há necessidade de interromper gestações que tenham avançado mais de 20 semanas, mas era proibido pelo CFM.

A decisão se deu em ação do PSol. O partido alegou que o CFM não proibia a aplicação da técnica em casos de anencefalia e risco de vida às gestantes, também previstos em lei

A sigla defendeu que o procedimento não é apenas “o mais indicado, em termos de saúde física, para casos de gestações com mais de 22 semanas, como também mais seguro e emocionalmente mais apropriado, contribuindo para a resolutividade de casos que, não raro, demoram a chegar nos serviços, como comumente são os de violência sexual”.

“A proibição do procedimento submete meninas e mulheres à manutenção de uma gestação compulsória ou à utilização de técnicas inseguras para o aborto, privando-as do acesso ao procedimento e à assistência adequada por vias legais, submetendo-as a riscos de saúde ou morte”, afirmou o partido na petição inicial.

Segundo o Psol, o órgão “restringe, de maneira absolutamente discricionária, a liberdade científica e o livre exercício profissional de médicos e médicas, impactando diretamente o direito ao aborto legal de meninas, mulheres e pessoas grávidas vítimas de estupro, porque proíbe um cuidado de saúde crucial para o aborto”.

Tribuna Livre, com informações do Conselho Federal de Medicina (CFM)

Deixe um comentário

Leia também
Lula diz que errou ao não convidar Nísia para lançamento de programa
Lula diz que errou ao não convidar Nísia para lançamento de programa
Governo federal relança programa para reduzir filas do SUS
Governo federal relança programa para reduzir filas do SUS
Clima na Câmara é de resistência ao aumento do IOF, afirma Hugo Motta
Clima na Câmara é de resistência ao aumento do IOF, afirma Hugo Motta
Haddad reclama de críticas após aumento do IOF, Lula faz defesa do ministro
Haddad reclama de críticas após aumento do IOF, Lula faz defesa do ministro
Como decisão dos EUA de restringir entrada no país pode atingir Moraes
Como decisão dos EUA de restringir entrada no país pode atingir Moraes
Planalto evita vestir "carapuça" após EUA anunciar restrição de vistos
Planalto evita vestir "carapuça" após EUA anunciar restrição de vistos
ACM Neto defende entrega de cargos: “Não estaremos com Lula em 2026”
ACM Neto defende entrega de cargos: “Não estaremos com Lula em 2026”
Mendonça devolve para julgamento processo sobre regulação das redes sociais; pauta depende de Barroso
Mendonça devolve para julgamento processo sobre regulação das redes sociais; pauta depende de Barroso
Motta critica aumento de impostos e cobra responsabilidade do governo Lula
Motta critica aumento de impostos e cobra responsabilidade do governo Lula
Moraes quebra sigilo de inquérito contra Eduardo Bolsonaro
Moraes quebra sigilo de inquérito contra Eduardo Bolsonaro
Vereadora de SP associa pessoa negra a 'sapatos baratos'
Vereadora de SP associa pessoa negra a 'sapatos baratos'
Ciro Gomes escolheu ser aliado prioritário do bolsonarismo, diz governador do Ceará
Ciro Gomes escolheu ser aliado prioritário do bolsonarismo, diz governador do Ceará

Governo federal relança programa para reduzir filas do SUS

O Programa Agora tem Especialista é uma nova versão do Mais Acesso a Especialistas, que não teve o efeito esperado pelo presidente Lula O governo federal lançou nesta sexta-feira (30/5) o programa Agora Tem Especialista, que visa reduzir o tempo de espera para o atendimento especializado no Sistema Único de

Leia mais...

A sua privacidade é importante para o Tribuna Livre Brasil. Nossa política de privacidade visa garantir a transparência e segurança no tratamento de seus dados pessoais.