12/09/2025

Congresso derruba veto de Lula que proíbe “incentivo” ao aborto

O trecho foi incluído na LDO por meio de uma emenda apresentada pelo senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) - (crédito: Waldemir Barreto/Agência Senado)

Ao aprovar a Lei de Diretrizes Orçamentárias, os parlamentares incluíram uma emenda que proibia a utilização de verba pública para ações voltadas ao aborto e redesignação de gênero. Presidente vetou o trecho, mas o Congresso manteve a proibição

O Congresso Nacional derrubou, na noite desta terça-feira (28/5), o veto do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) ao trecho da Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) que proíbe a utilização de verbas adquiridas por meio de arrecadação de impostos, para políticas públicas referentes ao aborto, cirurgias de redesignação de gênero em crianças e adolescentes e incentivo à invasão de terras urbanas ou rurais. A decisão do chefe do Executivo foi rejeitada por 339 votos contra 107 na Câmara dos Deputados e 47 contra 23 no Senado.

O trecho foi incluído na LDO por meio de uma emenda apresentada pelo senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) e aprovada, em dezembro de 2023, por 305 votos a 141 na Câmara e 43 a 26 no Senado. À época, o líder do governo no Congresso, Randolfe Rodrigues (Sem partido-AP), negou que Lula tenha interesse em destinar dinheiro público para “incentivo” ao aborto e garantiu que o trecho seria vetado pelo presidente.

“Por uma razão óbvia: ela [a emenda] é intempestiva na Lei Orçamentária. Emenda de eficácia zero, porque nada que está nessa emenda é permitido no ordenamento jurídico brasileiro. Por ser de eficácia zero, por não ter relação de coerência com a Lei de Diretrizes Orçamentária, ou com a Lei Orçamentária, ou com a realidade, ou com o mundo real. Então, é por óbvio que a emenda será vetada”, argumentou Randolfe após a aprovação.

A parte vetada por Lula ainda previa a proibição de utilizar verba na promoção de ações que incentivem ocupações de terras. Entretanto, o Congresso decidiu manter na LDO a regra que não permite o investimento em políticas voltadas “a ações tendentes a influenciar crianças e adolescentes, da creche ao ensino médio, a terem opções sexuais (sic) diferentes do sexo biológico”; à Invasão ou ocupação de propriedades rurais privadas; a ações tendentes a desconstruir, diminuir ou extinguir o conceito de família tradicional, formado por pai, mãe e filhos; a cirurgias em crianças e adolescentes para mudança de sexo; e à realização de abortos, exceto nos casos autorizados em lei.

No texto da LDO não estava previsto o emprego de dinheiro nas iniciativas citadas pela emenda aprovada, vetada e mantida. De acordo com a legislação, o governo não pode fazer investimentos em práticas consideradas ilegais no país. “Essa emenda é uma emenda astuta porque, na verdade, eles [parlamentares] sabem muito bem que o Congresso fiscaliza os gastos do Governo, o Ministério Público fiscaliza os gastos do Governo, o Tribunal de Contas da União fiscaliza os gastos do Governo, de forma que não existe possibilidade de gastos ilegais. Se algum gasto for contra a lei, será punido”, ressaltou o deputado Carlos Zarattini (PT-SP).

“O objetivo desses artigos é exatamente abrir de tal forma a criminalização, que permitirá, se aprovado, que se faça qualquer tipo de criminalização de qualquer ação do governo, por uma interpretação absolutamente absurda”, argumentou Zarattini. Parlamentares também ressaltaram o teor homofóbico da emenda e apontaram que o trecho vetado por Lula é um ataque à comunidade LGBTQIAP+.

“Essa emenda, que mistura fake news com intolerância, com preconceito, com a tentativa de, mais uma vez, fomentar, na ausência de políticas públicas, o preconceito contra as orientações sexuais e identidades de gênero. Essa emenda aqui é emenda das fake news, porque não existe cirurgia de ressignificação para crianças […] Então, isso é uma mentira misturada com a tentativa de retroalimentar uma narrativa venenosa, criminosa, que lamentavelmente fomenta o ódio contra a comunidade LGBTQIA+“, disse a deputada Fernanda Melchionna (Psol-RS).

Tribuna Livre, com informações da Agência Senado

Deixe um comentário

Leia também
Fux alfineta e diz que não vai citar decisões de colegas: "deselegante"
Fux alfineta e diz que não vai citar decisões de colegas: "deselegante"
Após voto de Fux, advogados de Heleno e Braga Netto reforçam teses de nulidade
Após voto de Fux, advogados de Heleno e Braga Netto reforçam teses de nulidade
1
Trama golpista: Fux isenta réus de responsabilidade por depredações do 8/1
Perito diz não haver provas digitais que liguem Zambelli a Delgatti
Fux cita "bruxas" e "hereges" e fala em "perseguição" do STF em voto sobre trama golpista
Fux cita "bruxas" e "hereges" e fala em "perseguição" do STF em voto sobre trama golpista
Flávio diz que julgamento de Bolsonaro é "segunda facada" para ex-presidente
Flávio diz que julgamento de Bolsonaro é "segunda facada" para ex-presidente
"Só existe um candidato para nós: Jair Bolsonaro", diz Tarcísio na Paulista
"Só existe um candidato para nós: Jair Bolsonaro", diz Tarcísio na Paulista
Nikolas ataca Pacheco e Alcolumbre no 7 de setembro: 'Covardes'
Nikolas ataca Pacheco e Alcolumbre no 7 de setembro: 'Covardes'
CPMI do INSS: Stefanutto ignorou alertas da CGU sobre descontos irregulares
CPMI do INSS: Stefanutto ignorou alertas da CGU sobre descontos irregulares
Advogado do general Paulo Sérgio implica Bolsonaro em julgamento
Advogado do general Paulo Sérgio implica Bolsonaro em julgamento
Sóstenes pressiona por anistia e descarta proposta alternativa do Senado
Sóstenes pressiona por anistia e descarta proposta alternativa do Senado
Sindicato de irmão de Lula terá que prestar contas na CPMI do INSS
Sindicato de irmão de Lula terá que prestar contas na CPMI do INSS

Nikolas ataca Pacheco e Alcolumbre no 7 de setembro: ‘Covardes’

Durante ato bolsonarista, em BH, deputado chamou Pacheco e Alcolumbre de covardes por supostamente endossarem Moraes, ministro do STF O deputado federal Nikolas Ferreira (PL-MG) foi a principal atração da manifestação do Dia da Independência na Praça da Liberdade, em Belo Horizonte, neste domingo (7/9). Em seu discurso, o parlamentar

Leia mais...

A sua privacidade é importante para o Tribuna Livre Brasil. Nossa política de privacidade visa garantir a transparência e segurança no tratamento de seus dados pessoais.