Três meses após o lançamento do jogo na plataforma do Google, o grupo de Samambaia já alcançou mais de 50 mil downloads do game.
A vida de três amigos programadores de um pequeno estúdio no Distrito Federal sofreu uma transformação radical quando o trio recebeu um investimento milionário de uma das maiores empresas de tecnologia do mundo. Pode parecer a trama de um filme ou um jogo moderno de videogame, mas é a pura realidade.
Em Samambaia, Túlio Mendes, Igor Rachid e Otávio Soato se reúnem diariamente para criar jogos eletrônicos. Eles são os responsáveis pela criação da envolvente história de um guerreiro em uma busca épica para salvar a filha de gigantes em um universo fantasioso. No entanto, o que não previam era que uma narrativa ainda maior os aguardava.
O desenvolvimento do jogo levou sete anos e foi lançado em 2022. No mesmo ano, o projeto foi um dos 10 escolhidos entre concorrentes de toda a América Latina para receber um investimento de US$ 200 mil do Google, equivalente a R$ 1 milhão. O financiamento tinha como objetivo adaptar o jogo de computador para dispositivos móveis, e a versão para celular foi lançada em setembro do mesmo ano. Em apenas três meses, o jogo alcançou mais de 50 mil downloads, enquanto na plataforma para computador, atingiu 20 mil downloads.
O enredo, intitulado “No Place for Bravery” (Sem Lugar para Bravura, em tradução livre), é inspirado em Dom Quixote, e a saga do herói revela-se um delírio do personagem que, em busca de vivenciar uma história épica, abandona a família. Túlio explica que o jogo desafia a expectativa do jogador, explorando a ideia de que a confiabilidade do personagem principal é questionável e que uma história não deve se basear apenas em um ponto de vista.
Com um estúdio independente, o jogo levou sete anos para se concretizar, mas saiu do Distrito Federal para conquistar reconhecimento internacional. Em 2022, o jogo brasiliense foi premiado como o melhor do país no Big Festival.
Os fundadores, inicialmente, enfrentaram desafios significativos para criar jogos no Brasil, com pouca informação disponível e apenas cerca de 150 empresas no país na época. A start-up buscava apoio em editais de cultura para financiar a produção, e o Google proporcionou visibilidade e recursos adicionais. Além do prêmio em dinheiro, a Glitch Factory, o estúdio dos amigos, recebe uma porcentagem a cada download do jogo.
Atualmente, o acesso por dispositivos móveis representa uma parcela significativa dos jogadores de “No Place for Bravery”, a principal criação do estúdio brasiliense. O sucesso do jogo foi reconhecido pela Google, que selecionou cinco estúdios brasileiros em 2022 e sete em 2023 para receber o prêmio Indie Games Fund.
A Glitch Factory está atualmente trabalhando em um novo jogo, ambientado no mesmo universo de “No Place for Bravery”, mas com uma narrativa independente. O próximo jogo abordará a história de um ex-guardião, explorando a temática da masculinidade tóxica por meio da militarização e de uma lavagem cerebral presente nesse contexto. O enfoque da empresa em enredos, arte e música continua a ser um destaque, e a equipe, composta por oito membros, é remunerada pelos projetos de desenvolvimento de jogos.
Tribuna Livre, com informações do Google