OMS atualizou as recomendações para evitar ganho de peso prejudicial à saúde, prevenindo diabetes e obesidade. Especialista da SES-DF analisa diretrizes para uma alimentação mais saudável
A Organização Mundial da Saúde (OMS) atualizou as recomendações alimentares sobre o consumo de carboidratos e gorduras para adultos e crianças. As novas diretrizes visam à limitação do consumo para a redução de ganho de peso prejudicial à saúde. Evidências científicas mostram a relação entre a ingestão excessiva desses produtos e os riscos de doenças.
“As orientações buscam reduzir o excesso de peso e de doenças não transmissíveis relacionadas com a alimentação, como o diabetes tipo 2, doenças cardiovasculares e certos tipos de câncer”, explica a gerente de Nutrição da Secretaria de Saúde do Distrito Federal (SES-DF), a nutricionista Carolina Gama.
A alimentação saudável é fundamental para prevenir contra doenças crônicas. Uma dieta rica em alimentos ultraprocessados, além de aumentar o risco de desenvolver diabetes, obesidade, hipertensão e câncer, pode intensificar os sintomas relacionados à má digestão, à inflamação e a transtornos de neurodesenvolvimento.
A SES-DF disponibiliza atendimento nutricional por meio da Atenção Primária, nas unidades básicas de saúde (UBSs), que são a porta de entrada do cidadão ao Sistema Único de Saúde (SUS)
Comer bem impacta positivamente não apenas a saúde, como também a sustentabilidade e a conservação do meio ambiente, seja na cadeia produtiva ou na possibilidade de utilizar o alimento como um todo, sem desperdício e menos plástico.
A qualidade e a quantidade são importantes para uma boa saúde, conforme indica a OMS. Os adultos devem limitar a ingestão total de gordura a 30% da ingestão total de energia ou menos. Ainda para esse público, o ideal é que o consumo diário abranja, no mínimo, 400 gramas de frutas e vegetais e 25 gramas de fibras.
Em crianças com 2 anos ou mais, a gordura consumida precisa ser composta, principalmente, de ácidos graxos insaturados (alimentos de origem vegetal e alguns peixes, como oleaginosas, coco, abacate e salmão). Em termos de consumo, a OMS indica:
Frutas e legumes
→ 2-5 anos: 250 g no mínimo por dia
→ 6-9 anos: 350 g no mínimo por dia
→ 10 anos ou mais: 400 g no mínimo por dia
Fibras
→ 2-5 anos: 15 g no mínimo por dia
→ 6-9 anos: 21 g no mínimo por dia
→ 10 anos ou mais: 25 g no mínimo por dia
A ciência demonstra a importância da alimentação saudável e da nutrição de crianças antes mesmo do nascimento, isto é, da concepção aos primeiros anos de vida. “O período é fundamental para o desenvolvimento físico e neurológico infantil e pode estar relacionado a fatores protetores ou de risco em relação a doenças em outras fases da vida”, relata Gama.
De acordo com a especialista, uma alimentação equilibrada fornece todos os nutrientes necessários para o bom funcionamento do organismo, tanto do corpo quanto da mente. “Esse hábito é capaz de elevar a expectativa de vida, além de auxiliar no desenvolvimento do cérebro e no crescimento adequado. Fora que aumenta a imunidade, mantém a pele, os dentes e os olhos saudáveis, fortalece os ossos e os músculos, e reduz o risco de doenças cardíacas. Motivos mais do que convincentes”, elenca.
Iniciativa no DF
Para incentivar a adoção de práticas saudáveis junto a residentes da Unidade Básica de Saúde (UBS) 5 do Arapoanga, a nutricionista Camila da Silva Reis encabeça o projeto Hábitos de Vidas Saudáveis, de orientação e acompanhamento nutricional para a população da região.
“Geralmente, são 15 pessoas por grupo e o primeiro atendimento é coletivo. Nesse contato inicial, identificamos o problema, as prioridades e a motivação, para, então, lançar metas e reflexões sobre os possíveis obstáculos. Em cima dessa dinâmica, construímos os retornos”, explica a especialista. “A gente tenta entender a pessoa integralmente, para, então, medir a dificuldade que ela terá na hora de aderir o que sugerimos.”
O grupo é orientado não somente sobre hábitos alimentares, mas de vida, como exercícios físicos, saúde mental e sono. “Mesmo sendo uma atividade coletiva, nós sempre buscamos nos basear na realidade deles, por exemplo, na questão do acesso financeiro”, detalha Reis.
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Os pacientes atendidos pelo projeto são encaminhados pela equipe da Estratégia Saúde da Família (ESF) da região. A maior parte enfrenta diabetes, pressão alta, obesidade e/ou colesterol alto. Após o encontro coletivo, os usuários passam por acompanhamentos e retornos individuais, que, inicialmente, são mensais, podendo chegar a visitas semestrais.
O trabalho é complementado pela atuação das residentes, uma em nutrição e outra em psicologia. Segundo a residente em nutrição que atua na iniciativa, Josicleia da Gomes de Silva, os retornos são muito importantes, pois permitem avaliar em quais pontos o paciente tem mais dificuldade. “Nós não trabalhamos com o peso, porque ele não é mensurador de saúde. Focamos nos indicadores e nos resultados, como percentual de gordura e de massa muscular.”
Experiência
Apesar de o foco do grupo não ser, obrigatoriamente, perder peso, Débora Ribeiro de Santos, de 35 anos, comemorou a redução de 5 kg e de oito centímetros na circunferência abdominal desde que começou a participar do grupo há quatro meses.
“Comecei a participar do grupo por causa do meu sobrepeso, que já estava afetando a minha saúde. Eu estava com problemas de refluxo, azia e até passei pela situação de acordar me sentindo sufocada”, explica Débora.
No grupo, ela recebeu orientações para reeducação alimentar, como preparar os alimentos e sobre a importância do exercício físico. “Outra questão trabalhada é a compulsão alimentar, que era um problema para mim.” Agora, Débora avalia que seus hábitos melhoraram consideravelmente: “Passei a entender o que é comida, quando eu estou com fome de verdade ou somente com vontade de comer, aprendi a fazer escolhas saudáveis. Passei por uma reeducação, uma conscientização”.
Serviço
A SES-DF disponibiliza atendimento nutricional por meio da Atenção Primária, nas unidades básicas de saúde (UBSs), que são a porta de entrada do cidadão ao Sistema Único de Saúde (SUS).
É possível encontrar a UBS de referência por meio do site InfoSaúde, adicionando o CEP.
*Com informações da Secretaria de Saúde
| Foto: Tony Winston/Agência Brasília
De acordo com as recomendações da OMS, o ideal é que o consumo diário abranja, no mínimo, 400 gramas de frutas e vegetais e 25 gramas de fibras