Veículos elétricos, antes um símbolo de luxo e tecnologia avançada, estão passando por uma significativa transformação econômica. Nos Estados Unidos, Europa e China, o custo médio desses automóveis está diminuindo em um ritmo sem precedentes na última década. Especialistas da indústria já falam em um possível “colapso de preços dos EVs”, indicando que, em breve, carros elétricos poderão ser mais baratos que seus equivalentes a gasolina.
Essa mudança é impulsionada por uma combinação de fatores. Primeiramente, houve uma queda acentuada nos preços de matérias-primas essenciais, como lítio e níquel, com reduções superiores a 60% desde os picos registrados em 2022. Em segundo lugar, a Tesla iniciou uma competição global de preços por meio de descontos agressivos. Por fim, montadoras chinesas, como BYD e Zeekr, estão expandindo sua presença nos mercados com modelos acessíveis e repletos de funcionalidades. As exportações chinesas de veículos de nova energia, incluindo elétricos e híbridos plug-in, para regiões como a Europa, tiveram um aumento de 100%, alcançando 222.000 unidades em setembro, conforme um relatório do Automotive News.
O resultado é que montadoras de diversas partes do mundo estão revisando suas margens e estratégias de produção para se manterem competitivas. Concessionárias também estão sentindo o impacto dessa mudança. Segundo o site automotivo Car Coach Reports, veículos elétricos que antes eram vendidos com ágio agora estão demorando mais para serem vendidos.
Embora essa mudança possa gerar preocupações em curto prazo para investidores, as implicações a longo prazo são significativas. Se os veículos elétricos atingirem a paridade de preços, ou até mesmo se tornarem mais baratos do que os carros a gasolina, a transição global para a mobilidade elétrica poderá acelerar em um ritmo superior ao que as políticas governamentais conseguiriam promover. Essa mudança de cenário pode tornar a mobilidade elétrica acessível a um público muito maior.
Para os consumidores, veículos elétricos mais baratos significam maior acessibilidade e uma adoção mais rápida. Quando um EV custa menos para comprar e operar (considerando combustível e manutenção), a mudança do motor a combustão para o elétrico se torna mais atrativa.
Para investidores, esse cenário representa tanto uma oportunidade quanto um risco. Empresas com estruturas de custo escaláveis, como BYD, Hyundai e Tesla, tendem a se beneficiar em um ambiente onde o preço é um fator determinante. Com cadeias de suprimentos locais de baixo custo e uma expansão considerável nas exportações, os volumes internacionais da BYD estão crescendo rapidamente. A Tesla, por sua vez, demonstra capacidade de absorver impactos de curto prazo e está disposta a reduzir os preços para aumentar o volume de vendas.
Montadoras tradicionais, como Toyota, General Motors e Honda, que possuem pouca escala na produção de EVs, estruturas de custo mais elevadas, ciclos de produção mais lentos e uma grande dependência de motores a combustão, enfrentam uma compressão de suas margens. A General Motors, por exemplo, contabilizou recentemente uma provisão de US$ 1,6 bilhão para reduzir a produção de EVs em resposta à desaceleração da demanda.
O momento em que os veículos elétricos se tornam uma necessidade, impulsionado pela queda de custos, pelo aumento da concorrência e pelo ganho de escala, está se concretizando. Para os consumidores, isso significa que os EVs podem, em breve, ser mais acessíveis para comprar e operar do que os carros a gasolina.
Fonte: forbes.com.br
