China
e Índia pedem contenção do conflito, mesmo sem criticar Putin diretamente
G7 convoca reunião de emergência após
bombardeios russos à Ucrânia (Foto: Reprodução/Twitter(
A pedido do presidente ucraniano Volodymyr
Zelensky, os líderes do G7, grupo que reúne os Estados Unidos e seis das
maiores economias do mundo, vão realizar uma reunião de emergência nesta
terça-feira para discutir os últimos ataques da Rússia à Ucrânia, informou o
governo alemão nesta segunda-feira. A convocação ocorre em meio à preocupação
global com a escalada do conflito, ordenada pelo presidente Vladimir Putin em
retaliação à explosão que derrubou um trecho da ponte que liga a Península da
Crimeia ao território continental russo, no último sábado.
Até mesmo a China e a Índia, que mantêm boas
relações com o governo russo, expressaram preocupação após os bombardeios e
pediram a contenção do conflito e diálogo entre as partes. Os dois países, que
ofereceram algum alívio à Rússia com a compra de seu petróleo, alvo de sanções
das potências ocidentais, têm buscado publicamente se distanciar da ofensiva,
ainda que sem criticar Putin diretamente.
Mao Ning, porta-voz do Ministério das Relações
Exteriores da China, disse em uma entrevista coletiva que “todos os países merecem
respeito a sua soberania e integridade territorial” e que “deve ser dado apoio
a todos os esforços que conduzam à resolução pacífica da crise”. Já Arindam
Bagchi, porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da Índia, disse que
Nova Délhi está “profundamente preocupada com a escalada do conflito” e
oferecerá apoio aos esforços para conter os combates.
Nos Estados Unidos, o presidente Joe Biden
condenou nesta segunda-feira os ataques com mísseis da Rússia contra alvos
civis na Ucrânia, dizendo que eles não serviram para fins militares e novamente
demonstraram “a brutalidade total da guerra ilegal de Putin contra o povo
ucraniano”. No entanto, Biden não anunciou novas medidas dos EUA em resposta
aos ataques.
“Esses ataques apenas reforçam ainda mais nosso
compromisso de permanecer com o povo da Ucrânia pelo tempo que for necessário”,
disse Biden em comunicado. “Juntamente com nossos aliados e parceiros,
continuaremos a impor custos à Rússia por sua agressão, responsabilizando Putin
e a Rússia por suas atrocidades e crimes de guerra e forneceremos o apoio
necessário para que as forças ucranianas defendam seu país e sua liberdade”,
acrescentou em nota.
Em Berlim, o chanceler alemão, Olaf Scholz, que
ocupa a presidência do G7, expressou a Zelensky a “solidariedade da Alemanha e
dos outros países do grupo”, disse o porta-voz do governo, Steffen Hebestreit.
Segundo ele, a conversa nesta terça entre o líder ucraniano e os membros do G7,
por videoconferência, terá início às 14h no horário local (9h no horário de
Brasília) com um discurso de Zelensky.
— A Alemanha fará tudo ao seu alcance para
mobilizar ajuda adicional e, em particular, para ajudar a reparar e restaurar a
infraestrutura civil danificada, como o fornecimento de eletricidade e
aquecimento — disse Hebestreit.
O Ministério da Defesa alemão prometeu entregar
à Ucrânia o primeiro de quatro modernos sistemas de defesa aérea, os mísseis
teleguiados IRIS-T, nos “próximos dias”. O governo de Berlim, que alterou uma
política de longa data de não enviar armas para zonas de conflito após a
invasão russa, havia prometido em junho o envio dos equipamentos, projetados
para proteger áreas civis maiores de ataques de foguetes.
Zelensky também teve uma conversa “urgente” com
o presidente francês, Emmanuel Macron, para discutir “o fortalecimento de nossa
defesa aérea”, “a necessidade de uma forte reação europeia e internacional” e o
“aumento da pressão sobre a Federação Russa”, disse ele em uma postagem no
Twitter.
Macron, em resposta, expressou “profunda
preocupação” e “reafirmou seu total apoio” ao líder ucraniano e o compromisso
da França de aumentar a ajuda à Ucrânia, “inclusive com equipamentos
militares”, informou o Palácio do Eliseu.
“Desespero do Kremlin”
O secretário-geral da ONU, António Guterres,
condenou os bombardeios e “está profundamente chocado” com os ataques que
“constituem outra escalada inaceitável da guerra”, na qual os civis “estão
pagando o preço mais alto”, disse seu porta-voz, Stephane Dujarric, em
comunicado.
O secretário-geral da Organização do Tratado do
Atlântico Norte (Otan) também se manifestou, condenando os “ataques horríveis e
indiscriminados à infraestrutura civil” na Ucrânia e reafirmando o apoio da
aliança militar ao país. “A Otan continuará apoiando o bravo povo ucraniano na
luta contra a agressão do Kremlin pelo tempo que for necessário”, acrescentou
em nota.
Por sua vez, Peter Stano, um dos porta-vozes do
chefe da diplomacia europeia Josep Borrell, afirmou que ataques a instalações
civis e não militares em cidades ucranianas são um “crime de guerra” e são
“totalmente inaceitáveis”. Segundo Stano, ações do tipo vão contra “o direito
internacional humanitário e este ataque indiscriminado a civis constitui um
crime de guerra”.
O presidente do Conselho Europeu, Charles
Michel, também acusou Moscou de crimes de guerra em um tuíte. “Esses ataques
indiscriminados contra civis são crimes de guerra”, disse Michel, classificando
a ação como um “desespero do Kremlin”. O Conselho Europeu reúne os líderes dos
27 países da UE.











