Temer afirmou que as evidências reunidas pela polícia indicam uma intenção e uma tentativa de realizar uma ação golpista, que não foi bem-sucedida devido à recusa das Forças Armadas.
O ex-presidente Michel Temer (MDB) posicionou-se contra a prisão do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) à luz das revelações trazidas pela Operação Tempus Veritatis, ocorrida nesta quinta-feira, 8 de fevereiro. Segundo Temer, não existem fundamentos para a detenção de Bolsonaro com base nas evidências apresentadas até o momento.
“Considerando os fatos que foram divulgados até o momento, acredito que não haja justificativa para a prisão. Embora essa possibilidade sempre exista, é necessário que determinados acontecimentos se concretizem. Caso isso ocorra, saberemos adiante”, afirmou Temer em uma entrevista à CNN Brasil.
De acordo com o ex-presidente, as evidências reunidas demonstram uma intenção e uma tentativa de realizar uma ação golpista, que, em sua visão, não teve sucesso devido à recusa das Forças Armadas em apoiar as iniciativas antidemocráticas lideradas por Bolsonaro.
“Houve uma intenção e uma tentativa de ação. Quando falo em tentativa de ação, me refiro aos eventos que ocorreram em Brasília, mas que envolveram pessoas sem um plano concreto e completo, pois é somente quando as Forças Armadas concordam que um golpe de Estado pode ocorrer, e, neste caso, elas não apoiaram essa ideia”, declarou.
O ex-presidente considerou como “gravíssimas” as intenções golpistas reveladas pelo relatório da operação e expressou surpresa com os diálogos mantidos por Bolsonaro e seus aliados. Segundo ele, o desfecho almejado pelo governo anterior era uma intervenção militar após os ataques aos prédios públicos dos Três Poderes, em Brasília.
“Fiquei um tanto surpreso com os diálogos que foram captados e coletados no início das investigações, assim como com as reuniões que foram realizadas sem chegar a uma conclusão. Porque, se esses acontecimentos fossem verdadeiros, a lógica seria que as Forças Armadas concordassem, e então ocorreria um movimento para invadir prédios, entre outros. Posteriormente, as Forças Armadas decretariam uma intervenção militar no Estado brasileiro”, explicou Temer.
A investigação da PF apontou Bolsonaro como o “mentor” do golpe, realizando 33 mandados de busca e apreensão contra ex-ministros, militares de alta patente e ex-assessores do ex-presidente. Bolsonaro é suspeito de ter liderado um golpe de Estado após as eleições de 2022, tendo seu passaporte confiscado e sendo proibido de deixar o país.
A PF colocou Bolsonaro como participante direto na elaboração de um “rascunho golpista” que circulou entre seus aliados após o segundo turno das eleições. Diálogos encontrados no celular do tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens da Presidência, sugerem que Bolsonaro ajudou a redigir e editar o documento.
Tribuna Livre, com informações da Agência Estado