Advogado
norte-americano nascido na Hungria morreu, na sexta-feira, na Flórida. Ele teve
papel fundamental na condenação de 22 nazistas do pelotão de fuzilamento de
Hitler que mataram 1 milhão de judeus
(crédito: Saul Loeb/AFP – 9/4/2018)
Ninguém melhor para descrever o legado de Benjamin B.
Ferencz do que o filho. “Eu definiria meu pai simplesmente com três
palavras: Guerras não funcionam”, desabafou ao Correio Don Ferencz, 70
anos, depois de sepultar o pai. O último promotor do Tribunal de Nuremberg, que
julgou e puniu os nazistas após a Segunda Guerra Mundial, morreu, aos 103 anos,
na sexta-feira, em Boyton Beach, na Flórida. “Nunca devemos tolerar a
ausência de lei, a impunidade. Meu pai é uma lembrança para a humanidade. A
lembrança de que estamos aqui para sobrevivermos como raça humana, e que devemos
nos comportar como humanos, não como animais”, acrescentou.
Aos 27 anos, Benjamin teve papel fundamental na
condenação de 22 comandantes do pelotão de fuzilamento do exército de Adolf
Hitler pela morte de 1 milhão de judeus. Entre 20 de novembro de 1945 e 1º de
outubro de 1946, ele atuou como promotor-chefe do Tribunal de Nuremberg. De
acordo com Don, o pai foi um homem que mostrou determinação em continuar
adiante, rumo a um mundo melhor.
“O foco de Ben foi no que é existencialmente
importante: salvar a humanidade da guerra. Ben foi inspirador e continuará a
inspirar qualquer pessoa que ler sobre seu legado, nos próximos anos”,
afirmou ao Correio Dan Skinner, amigo e responsável pelo site de Benjamin por
25 anos. Professor da Universidade de Ohio, Skinner contou que o conheceu
quando ainda estava na faculdade, em 1998. “Eu assisti a uma palestra que
ele deu nas Nações Unidas e fiquei impressionado com sua humanidade e sua
paixão — que era exatamente o que eu precisava aprender naquele momento. Ele me
contratou para desenvolver o seu site, então, tive a honra de ler e anotar sua
obra completa. Desde então, desenvolvi e mantive o site de Ben e o auxiliei em
vários aspectos de seu trabalho pela justiça internacional”, acrescentou.
Skinner lembra com carinho do amigo. “Ele era
extremamente engraçado e contagiantemente positivo sobre as perspectivas de
fazer um mundo mais justo. Sua abordagem geral para tudo era que não tínhamos
escolha a não ser continuar tentando, não importando as probabilidades”,
disse. Segundo ele, as experiências de Ben na Segunda Guerra Mundial e nos
campos de extermínio ficaram gravadas na memória do ex-promotor. “Era como
se tudo tivesse acabado de acontecer. Mas ele deixou claro que não olhou para
trás apenas para lembrar. Ele olhou para trás e lembrou-se de garantir que
nunca mais acontecesse.”