Shayam
Saran Negi, que votou em 34 eleições no país, enviou último voto três dias
antes de falecer
Morre aos 106 anos 1º eleitor da Índia pós-independência
(Foto: Reprodução)
Shayam Saran Negi, considerado o primeiro eleitor da Índia
pós-independência, morreu no sábado (5), aos 106 anos, não sem antes depositar
seu último voto. Morto devido a causas naturais em sua casa na vila de Kalpa,
no distrito de Himachal Pradesh, ele votou nas eleições estaduais três dias
antes de falecer.
Seu corpo deve ser cremado nos próximos dias, numa cerimônia
com honras oficiais do governo indiano.
Em 1951, nas eleições que só terminariam no ano seguinte,
Negi foi o primeiro dos 173 milhões de eleitores. À época, o país tinha cerca
de 360 milhões de habitantes, cifra distante dos atuais 1,4 bilhão.
Era a primeira chance de a recém-independente Índia eleger
representantes à Câmara Baixa. Devido ao relevo montanhoso da cordilheira do
Himalaia e aos meses de inverno em Himachal Pradesh, urnas foram enviadas à
região muitos meses antes do início do pleito —havia o temor de que a neve e as
difíceis condições de acesso ao local impossibilitassem a coleta dos votos nos
meses mais frios.
Negi tinha 34 anos quando votou pela primeira vez, algo que,
ao longo dos 72 anos seguintes, fez com assiduidade. Nascido em 1917, ele
participou de todos os 34 pleitos promovidos até hoje, fossem eles nacionais ou
para o governo local, segundo o ministro-chefe de Himachal Pradesh, Jai Ram
Thakur.
Parlamentares e ministros se manifestaram após o anúncio da
morte. O premiê da Índia, Narendra Modi, que havia compartilhado nas redes
sociais o último voto de Negi, afirmou que o exemplo dado por ele “deve servir
de inspiração para que os jovens participem das eleições e fortaleçam nossa
democracia”.
Depois, durante um ato de campanha, destacou que, “mesmo
antes da morte, ele cumpriu com seu dever”. No Twitter, a Comissão Eleitoral da
Índia (ECI, na sigla em inglês) disse que Negi era “não só o primeiro eleitor
da Índia independente, mas um homem com fé excepcional na democracia”.
O status de símbolo da democracia rendeu a ele uma cerimônia
oficial. Uma salva de tiros marcou o funeral de Negi, um professor do ensino
fundamental que passou a vida no assentamento de Kalpa.
Em 2007, a ECI elaborou um protocolo especial para recebê-lo
e, nos últimos 15 anos, toda a vez que ele pisou em uma sessão eleitoral, a
administração local estendeu um tapete vermelho para levá-lo até a urna.
A fama de primeiro eleitor se espalhou pelo país, e em 2014
ele protagonizou uma campanha do Google na Índia, que mostra Negi aos 97 anos
caminhando em direção a um local de votação.
A última participação dele numa eleição, porém, não foi em
uma seção eleitoral. A saúde debilitada e a idade avançada impediram que ele
deixasse sua casa: assim, enviou o voto por correspondência. Depois, deu uma
entrevista. “Estar aqui… Nada me deixa mais feliz”, disse Negi, segundo o
jornal Indian Express.











