O anúncio de sua candidatura presidencial para 2024 foi feito por Putin durante uma cerimônia de premiação militar no Kremlin.
O presidente russo, Vladimir Putin, anunciou nesta sexta-feira (8) que concorrerá novamente ao cargo na eleição presidencial de março de 2024, conforme informado pelas principais agências de notícias do país. Putin, de 71 anos, foi eleito pela primeira vez em 2000 e venceu quatro eleições presidenciais. Entre 2008 e 2012, ocupou o cargo de primeiro-ministro em um sistema político com pouca oposição, após anos de repressão.
O anúncio ocorreu durante uma cerimônia de entrega de prêmios militares no Kremlin, que homenageou combatentes da ofensiva na Ucrânia, iniciada por Putin em fevereiro de 2022. Putin afirmou que, embora tenha tido posições diferentes sobre a possibilidade de concorrer novamente, entende que não há outra opção e que participará da corrida presidencial.
De maneira incomum, o anúncio chegou à imprensa russa através de Artiom Zhoga, um combatente e membro do Parlamento local em Donetsk, cidade no leste da Ucrânia. Analistas destacam que o anúncio busca transmitir uma imagem de “Putin modesto, ocupado resolvendo problemas reais.”
Na disputa, Putin não enfrenta adversários relevantes, uma vez que cinco grandes partidos foram autorizados a apresentar candidatos sem a necessidade de recolher assinaturas, sendo todos apoiadores do Kremlin e da operação na Ucrânia.
As eleições estão programadas para acontecer de 15 a 17 de março de 2024, pouco depois do segundo aniversário do início do ataque à Ucrânia e na véspera do décimo aniversário da anexação russa da península da Crimeia. A nova candidatura de Putin tornou-se possível devido a uma polêmica reforma constitucional aprovada em 2020, que permite sua participação até 2036, quando completará 84 anos.
Após um difícil ano de 2022, marcado por reveses no cenário internacional e por sanções ocidentais, a Rússia encontra-se em uma situação mais favorável devido ao fracasso da contraofensiva na Ucrânia e à erosão do apoio dos Estados Unidos e da Europa a Kiev. Opositores de destaque, incluindo o ativista Alexei Navalny, foram presos ou forçados ao exílio, e qualquer crítica à operação contra a Ucrânia é duramente punida nos tribunais.
Navalny, atualmente cumprindo uma pena de 19 anos de prisão em meio a alegações contestadas, instigou os russos a votarem em “qualquer outro candidato” que não Putin, chamando a eleição de “farsa.” O presidente, ex-agente da KGB soviética, tem moldado a política russa desde o início do século XXI, buscando uma maior influência geopolítica em diversas frentes, sendo mais recentemente alvo de sanções ocidentais devido à ofensiva na Ucrânia em 2022.
Tribuna Livre, com informações da AFP