A Polícia Federal investiga uma potencial organização criminosa que teria se infiltrado na Agência Brasileira de Inteligência (Abin) com o objetivo de realizar monitoramento ilegal de autoridades públicas.
O ex-presidente Jair Bolsonaro afirmou que a operação da Polícia Federal contra o deputado federal Alexandre Ramagem (PL-RJ), realizada nesta quinta-feira (25/1), representa uma “implacável perseguição”. A declaração foi feita por meio de uma lista de transmissão no WhatsApp. A investigação da PF está focada em uma possível organização criminosa que teria se infiltrado na Agência Brasileira de Inteligência (Abin) com o propósito de monitorar ilegalmente autoridades públicas. Vale ressaltar que o deputado comandou a referida agência durante o governo de Bolsonaro.
Bolsonaro também compartilhou em suas redes sociais um vídeo do ano anterior no qual Ramagem declara que o sistema de monitoramento da Abin foi adquirido em 2018, ainda durante o governo do ex-presidente Michel Temer. Ramagem afirmou que a ferramenta recebeu aval técnico favorável da Advocacia-Geral da União (AGU) e passou por auditoria quando ele assumiu o comando da Abin em meados de 2019.
Conforme a Polícia Federal, o grupo investigado, composto por policiais federais e servidores da Abin, utilizava ferramentas de geolocalização de dispositivos móveis sem a devida autorização judicial. Os envolvidos podem ser responsabilizados pelos crimes de invasão de dispositivo informático alheio, organização criminosa e interceptação de comunicações telefônicas, de informática ou telemática sem autorização judicial ou com objetivos não autorizados em lei.
Essa ação é uma continuidade da operação “Última Milha”, realizada no ano anterior. Segundo a PF, as evidências obtidas naquela ocasião indicam que o grupo criminoso estabeleceu uma estrutura paralela na Abin, utilizando os recursos da agência de inteligência do Estado para a prática de atividades ilícitas, visando objetivos políticos, midiáticos, pessoais e até mesmo para interferir em investigações da Polícia Federal.
Além disso, a Polícia Federal está investigando se a Agência Brasileira de Inteligência conduziu uma investigação paralela para beneficiar Jair Renan em um inquérito que investigava negócios envolvendo o filho mais novo do ex-presidente Jair Bolsonaro.
Alexandre Ramagem, deputado federal pelo PL, ex-delegado da Polícia Federal até o início do mandato de Bolsonaro em 2019, atua como vice-líder do PL na Câmara e é membro titular da Comissão de Segurança Pública e Combate ao Crime Organizado e do Conselho de Ética. Ramagem também é pré-candidato à Prefeitura do Rio de Janeiro nas eleições municipais deste ano.
Tribuna Livre, com informações da Agência Brasil.