Em
10 meses, a organização criminosa movimentou R$ 4 milhões
(crédito: material cedido ao Correio)
A operação intitulada Autoimune, que investiga o comércio e
importação de medicamentos estrangeiros falsificados, foi deflagrada nesta
quinta-feira (17/11) pela Polícia Federal (PF) com a ajuda da Agência Nacional
de Vigilância Sanitária (Anvisa). Os agentes cumpriram 32 mandados de busca e
apreensão e um mandado de prisão preventiva expedidos pela pela 7ª Vara
Criminal da Justiça Federal de Mato Grosso.
Entre as apreensões está o medicamento imunoglobulina
proveniente da Argentina, com lote comprovadamente falsificado. O remédio é
essencial no ambiente hospitalar, para o tratamento de doenças inflamatórias e
autoimunes, sendo retirado do plasma humano. A Anvisa possui uma lista de
remédios autorizados que contêm na sua composição o ativo.
A operação contou com ação de policiais nas capitais de Mato
Grosso, Goiás e Mato Grosso do Sul, e nas cidades de Ponta Porã (MS), Campo
Verde (MT), Abadia de Goiás (GO), Vila Velha (ES), Angra dos Reis (RJ) e nos municípios
paulistas Marília, Ocauçu, Fernandópolis (SP).
“Medicamentos de origem irregular não têm qualquer garantia
sobre suas condições de qualidade. Mesmo nos casos em que a Anvisa autoriza a
importação de forma excepcional de produtos sem registro no país é necessário o
cumprimento de procedimentos para que se garanta a segurança dos pacientes”,
informou a agência reguladora, em nota.
Argentina
Essa é a segunda etapa do trabalho que vem sendo realizado
entre a PF em parceria com a Anvisa. A investigação começou quando várias
caixas de neostigmina foram apreendidas no Aeroporto Internacional de Campo
Grande, localizado no Mato Grosso do Sul.
Hoje, a Anvisa só emitiu autorização para comércio de dois
medicamentos que têm a neostigmina em sua fórmula. O princípio ativo é
utilizado para tratar miastenia em estado grave — doença que interrompe a
comunicação entre nervos e músculos — com o objetivo de inverter os efeitos dos
relaxantes musculares.
A mercadoria confiscada era de origem argentina e não tinha
documentação que autorizasse a entrada regular do remédio no Brasil. Com essa
primeira apreensão, a PF conseguiu rastrear um mercado paralelo de medicamentos
ligados a empresas de fachada, espalhadas em 16 estados e no Distrito Federal.
Em 10 meses, de acordo com a polícia, a organização criminosa movimentou cerca
de R$ 4 milhões.