Ação
conjunta do governo contou com a atuação das secretarias DF Legal e de
Segurança Pública, das polícias Civil e Militar, do Serviço de Limpeza Urbana,
do CBMDF, do Detran, entre outros órgãos
Após o fim do trabalho de demolição dos barracos
irregulares, foram recolhidas mais de 551 toneladas de entulhos | Foto:
Divulgação/DF Legal
O Governo do Distrito Federal (GDF), por intermédio de
quase 20 órgãos, realizou, ao longo de toda esta semana, uma operação para
desconstituir ocupações e inibir a ação de grileiros na Área de Proteção
Ambiental (APA) da Bacia do Rio Descoberto, em Brazlândia.
Iniciada na segunda-feira (20), a ação conjunta do
governo visou três grandes pontos de aglomeração de pequenos barracos feitos de
madeira e lona. Sem qualquer acesso a saneamento básico ou energia elétrica,
mais de 90% das edificações estavam desabitadas.
Ao todo, foram desconstituídas 1.210 destas construções
em uma área de pouco mais de 138 hectares. “Foram ocupações feitas com o fim de
especulação. Fomos acionados e conseguimos retirar esse grande número de edificações
precárias”, explica o subsecretário de Operações da Secretaria de Proteção da
Ordem Urbanística (DF Legal), Alexandre Sena.
Conforme apurado pela secretaria por meio de sobrevoos
com drones antes da operação, verificou-se que os ocupantes irregulares da área
ostentavam veículos novos e até caminhonetes. A pasta apurou que lotes já
vinham sendo vendidos por R$ 8 mil.
Após o fim do trabalho de demolição dos barracos
irregulares, o Serviço de Limpeza Urbana (SLU) passou a recolher o entulho. Até
sexta-feira (24), mais de 551 toneladas tinham sido retiradas. Parte desse
material será reciclado e doado a administrações regionais para realização de
obras, outro montante será triturado e os inservíveis, aterrados.
A Secretaria de Segurança Pública (SSP) também
desempenhou importante papel na operação. A Polícia Militar (PMDF), por meio do
Batalhão Rural, realizou a manutenção da segurança do perímetro e das equipes
envolvidas.
A Polícia Civil (PCDF) designou servidores da Delegacia
de Combate a Ocupação do Solo e aos Crimes contra a Ordem Urbanística e o Meio
Ambiente (Dema) para análise e ações de inteligência, com o objetivo,
essencialmente, de identificar pessoas com atuação de liderança.
Por dia, o Corpo de Bombeiros (CBMDF) destacou duas
viaturas de combate e prevenção a incêndio e nove militares para realizar
atendimentos de emergência de indivíduos com alteração do quadro de saúde. Já o
Departamento de Trânsito (Detran) prestou apoio com equipes de fiscalização, um
guincho e uma empilhadeira.
O administrador regional de Brazlândia, Marcelo
Gonçalves, comemorou a atuação do GDF. “A operação em combate a essa invasão
feita por grileiros foi uma resposta devida a todas as pessoas que ainda pensam
que não serão penalizadas. A cidade de Brazlândia ou qualquer cidade do
Distrito Federal não aceita mais essa prática. Ficaremos vigilantes e a postos
a qualquer ato desse tipo”, destacou.
O monitoramento do local continua para evitar novas
invasões e a reconstituição do cenário anterior. A DF Legal, inclusive, oficiará
a Terracap, que é proprietária da área, a promover o cercamento e a instalação
de postos de vigilância, com o intuito de mitigar o retorno dos invasores.
APA do Descoberto
Considerada de alta relevância ecológica, a região foi
criada em 1983 para garantir a conservação do Lago do Descoberto e dos
manaciais hídricos que o formam. “Cerca de 65% da população do Distrito Federal
consome a água servida pela Barragem do Descoberto. A ocupação desordenada e
criminosa na região pode comprometer a qualidade e a quantidade de água
fornecida para o DF e implicar na necessidade de importação de água do estado
de Goiás, tornando o serviço mais caro ao consumidor final”, explica a chefe da
APA Bacia do Descoberto e da Floresta Nacional de Brasília, Larissa Diehl.
Na mesma linha, o presidente do Instituto Brasília
Ambiental, Rôney Nemer, lembra que, para além de combater o parcelamento
irregular do solo, é também importante a ação por outros motivos: “A
desocupação evita a supressão vegetal, o desmatamento e a hipermeabilização do
solo, o que ajuda na recarga de nossos aquíferos para garantir a nossa
qualidade de vida e água em abundância para todos”.
*Com informações da DF Legal