Depois de receber a aprovação de Lula, o deputado se reuniu nesta quarta-feira com o ex-presidente Bolsonaro que sinalizou simpatia ao parlamentar
Com a aprovação do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), o deputado Hugo Motta (Republicanos-PB) se consolida como um candidato competitivo para concorrer à sucessão de Arthur Lira (PP-AL) no comando da Câmara dos Deputados. O paraibano se reuniu com o ex-presidente, na manhã desta quarta-feira (4/9), que, segundo o relato do senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), não apresentou obstáculos a um possível apoio ao parlamentar.
“Eles se encontraram para se conhecer, o presidente (Bolsonaro) não viu nenhum problema, mas a definição do apoio a candidatura vai depender se ele vai ser o candidato do (Arthur) Lira e de uma conversa com os parlamentares do partido”, disse o senador.
Com a inviabilização da candidatura do presidente nacional do Republicanos, deputado Marcos Pereira (SP), muito associado ao bispo Edir Macedo, da Igreja Universal, ele deixou, na noite de terça-feira (3/9), a disputa em favor de Motta, que conquistou sinalizações de apoios de parlamentares ligados ao governo até políticos expoentes do bolsonarismo.
O movimento de Pereira também pode ser lido como uma resposta a Gilberto Kassab (PSD), a quem chegou a atribuir a inviabilização da candidatura. Pereira procurou o político para tentar costurar o apoio a candidatura. Sem conquistar o apoio de Kassab, Pereira tentou intermediar através do governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) e até mesmo de Jorge Bornhausen, de 87 anos, considerado um dos mentores de Kassab.
O atrito entre aliados fez Lula convocar Kassab para uma reunião, fora da agenda, na terça-feira (3/9), onde ele reafirmou que a legenda manterá o candidato à presidência da Câmara, o deputado Antonio Brito (PSD-BA). A posição de Kassab atrapalha o desejo do governo e de Lira em construir uma transição consensual na sucessão do comando da Casa.
Apesar de Brito ter sido considerado um dos preferidos pelo Palácio do Planalto, o baiano acabou não se viabilizando, e não deve contar nem com o apoio de Lira, nem da oposição, que entende que o parlamentar tem uma dependência muito grande de Kassab.
Com a benção de Lula e a sinalização positiva de Bolsonaro para Motta, Brito que já era tratado como azarão, pode se tornar uma das raras derrotas de Kassab, considerado um dos mais hábeis articuladores da política nacional, mas que vive sob pressão em São Paulo, onde é secretário do governador Tarcísio de Freitas, e sofre com críticas da ala bolsonarista pelo trânsito e relação com o governo Lula.
Elmar
Essa reviravolta nos bastidores provocada pela articulação de Marcos Pereira, além de ter dado um nó político em Kassab, também desbanca o favoritismo construído por Elmar Nascimento (União-BA). Tido como um braço direito de Lira, era a aposta sofria com a resistência dos petistas baianos e com a desconfiança de pares sobre a habilidade que teria em articular os interesses parlamentares.
Apesar de Elmar contar com o compromisso de Lira, o paraibano também tem uma ótima relação com o presidente da Câmara e acaba sendo uma solução muito mais interessante para Lula, que evita um tradicional opositor do PT na Bahia e vem buscando manter uma boa relação com o partido do bispo Macedo. Motta ainda conta com o apoio do senador Ciro Nogueira (PP-PI), presidente nacional da legenda de Arthur Lira.
Outro que sai vitorioso com a escolha de Motta é o governador de São Paulo, Tarcisio de Freitas, que pode contar com um correligionário no comando da Câmara.
Nos bolões de apostas da Câmara, já se dizia com todas as letras que o novo presidente seria um baiano, só não fechavam ainda qual, Elmar ou Brito. A megafesta de aniversário de Elmar, no início de julho, ao som da Timbalada, o parlamentar conseguiu mostrar a força da sua candidatura, com mais de 300 deputados, cerca de 11 ministros do governo, incluindo o vice-presidente Geraldo Alckmin, também teve a presença de parlamentares ligados a oposição e até mesmo do presidente nacional do PL de Bolsonaro, Valdemar da Costa Neto.
Elmar, que era o cotado para a sucessão de Rodrigo Maia, em 2020, na época se considerou traído pelo colega de partido. Se considerar que foi, mais uma vez, traído na pretensão de comandar a Casa, pode buscar uma aproximação ao ex-presidente Bolsonaro e assumir uma postura alinhada com a oposição para enfrentar o PT baiano em dois anos.
Tribuna Livre, com informações da Agência Câmara