Presidente eleito Luiz Inácio Lula da
Silva disse que “companheiros” precisam começar a trabalhar e que
ministério terá mulheres e negros
O presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT)
confirmou os primeiros nomes que vão compor a Esplanada dos Ministérios a
partir de 2023. Entre os escolhidos está o de Fernando Haddad, ex-prefeito de
São Paulo e ex-ministro da Educação, e que agora comandará a pasta da Fazenda.
O novo responsável pela economia do país não é o nome
favorito do mercado financeiro, que preferia alguém que representasse um
compromisso claro com a responsabilidade fiscal, mas é um aliado de total
confiança do presidente eleito.
Lula também anunciou o ex-presidente do TCU José Múcio
Monteiro como ministro da Defesa; o senador eleito Flávio Dino como ministro da
Justiça; o governador Rui Costa como ministro chefe da Casa Civil; e o
embaixador Mauro Vieira como ministro das Relações Exteriores.
“Nós não temos o direito de não fazermos a coisa correta
e tratarmos com carinho as pessoas mais necessitadas do país. Espero que esses
companheiros trabalhem, porque tarefa vai ser difícil. Cada companheiro sabe da
sua responsabilidade”, disse Lula, no anúncio.
Desde a campanha, quando cobrado a coibir o aumento dos
gastos públicos, Lula tem dito que seus dois mandatos anteriores foram marcados
pela responsabilidade fiscal e pelo superávit primário das contas públicas e
promete repetir o modelo, mas sem deixar de gastar na área social, seu
principal compromisso ao longo da corrida eleitoral.
“Vocês devem estar pensando, ou alguém está com pergunta
preparada: ‘Presidente Lula, não tem mulheres, não tem negros?’. Vai ter uma
hora que vocês vão ver mais mulheres e mais negros aqui”, comprometeu-se o
presidente eleito, durante o anúncio.
Veja como foi a transmissão com a divulgação de nomes do
primeiro escalão:
Contexto do anúncio
O presidente eleito queria começar a anunciar seu time só
a partir da semana que vem, após ser diplomado como vencedor das eleições pelo
Tribunal Superior Eleitoral (TSE), mas acabou cedendo às pressões em busca de
um ambiente mais tranquilo para negociar com a atual legislatura do Congresso e
com outros setores da sociedade.
O mercado vinha pressionando o novo governo para o
anúncio de quem ocuparia a Fazenda devido às incertezas fiscais ligadas à
proposta de emenda à Constituição (PEC) da Transição que tramita no Congresso e
que expandiu o teto de gastos em R$ 145 bilhões. Aliados afirmavam que a demora
para a tramitação do texto se dava pela falta de clareza sobre quem ocuparia a
pasta.
“Não acredito em dificuldade na Câmara. Terei as
conversas necessárias para aprovar como no Senado. Essa PEC é para fazer reparo
no governo Bolsonaro e trazer o mínimo necessário para pessoas necessitadas,
saúde, farmácia popular e começar a cuidar do povo brasileiro”, disse Lula.
Outro setor que vinha causando problemas é a Defesa,
pasta que será ocupada pelo ex-ministro do TCU José Múcio Monteiro. A
oficialização desse nome tem como objetivo aproximar o governo eleito dos
militares – grupo social que integra a base de apoio de Bolsonaro, presidente
não reeleito, e é pressionado por manifestantes acampados em frente a quartéis
a dar um golpe para evitar a posse de Lula.
O golpismo não faz sucesso entre os oficiais da ativa,
mas o anúncio do ministro da Defesa, que virá acompanhado dos nomes dos futuros
comandantes do Exército, da Marinha e da Aeronáutica, tem o objetivo de
desmobilizar quem insiste nas ideias antidemocráticas, seja dentro das Forças,
nas redes sociais ou nas ruas.
Mais ministros após a diplomação
Lula se comprometeu a continuar escalando o ministério
após sua diplomação, na próxima segunda (12/12).
“A partir de agora vocês podem conversar com o Haddad.
Espero que ele fale pro mercado e pro povo brasileiro. Podem conversar com o
Dino. O Múcio como vai lidar com militares… O Rui Costa como ele vai dar conta
de exercer função extraordinária, exercida pela Dilma com grandeza
excepcional”, apontou.
De acordo com Lula, no domingo haverá uma reunião para
ser definida a quantidade de ministérios e secretarias.
“A partir daí, eu vou definir os ministérios. Ainda vou
definir quais vamos criar. Na segunda, depois da diplomação, eu vou tratar de
terminar a montagem do nosso governo”, disse o presidente eleito, em
pronunciamento à imprensa na sede da transição de governo, no CCBB, em
Brasília.