Ex-vice-presidente
da República afirmou ao jornal Folha de S.Paulo que a decisão do presidente
Luiz Inácio Lula da Silva de demitir o general Julio César de Arruda do comando
do Exército é “péssima” para o país
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(crédito:
EVARISTO SA / AFP)
O general
Hamilton Mourão, ex-vice-presidente de Jair Bolsonaro e senador eleito pelo Rio
Grande do Sul, criticou o presidente Luiz Inácio Lula da Silva por demitir,
neste sábado (21/1), o general Julio César de Arruda do comando do Exército.
Arruda, nomeado por Lula ainda durante o governo Bolsonaro, assumiu em 30 de
dezembro de 2022, o que faz dele o chefe da Força Terrestre que menos tempo
passou no cargo desde o fim do regime militar: foram apenas 23 dias. Ele será
substituído pelo general Tomás Miguel Ribeiro Paiva.
Em entrevista ao
jornal Folha de S.Paulo, Mourão disse que Lula quer alimentar uma crise com as
Forças Armadas e, em particular com o Exército, ao demitir o comandante da
tropa. “Se o motivo foi tentativa de pedir a cabeça de algum militar, sem
que houvesse investigação, mostra que o governo realmente quer alimentar uma
crise com as Forças e em particular com o Exército. Isso aí é péssimo para o
país”, disse Mourão.
Segundo fontes
da caserna, a demissão do comandante se deu por um acúmulo de fatores, como a
recusa de Arruda em permitir prisões no acampamento em frente ao Quartel
General do Exército após os ataques na Praça dos Três Poderes, em 8 de janeiro,
e sua resistência em exonerar o tenente-coronel do Exército Mauro Cesar Barbosa
Cid, conhecido como “coronel Cid”.
Arruda foi
substituído pelo então comandante militar do Sudeste, general Tomás Miguel Ribeiro
Paiva, que é amigo do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, rechaçou a
possibilidade de um golpe após a eleição de Lula e chegou a ser chamado de
“melancia” por apoiadores de Jair Bolsonaro.
Precedente
Em toda a
redemocratização, apenas dois outros comandantes do Exército chegaram a ficar
menos de um ano no cargo — ambos indicados pelo ex-presidente Jair Bolsonaro.
Foram eles Paulo Sérgio Nogueira de Oliveira, que chefiou a força por pouco
mais de 11 meses, entre 20 de abril de 2021 e 31 de março de 2022, e Marco
Antônio Freire Gomes, que o sucedeu por 9 meses, até 30 de dezembro, quando foi
substituído por Arruda.
Há outra
passagem relâmpago no comando da Força durante o período da ditadura militar. O
general Vicente de Paulo Dale Coutinho foi nomeado à chefia do Ministério do
Exército (nomenclatura anterior do cargo) no início do governo de Ernesto
Geisel, em 15 de março de 1974, mas ocupou a posição por menos de dois meses,
falecendo em 27 de maio do mesmo ano.
Com informações
da Agência Estado