Nos últimos dois dias, a Embaixada de Israel no Brasil iniciou uma abordagem com os deputados que fazem parte do grupo parlamentar pró-relações entre os dois países.
As autoridades diplomáticas israelenses solicitaram a esses deputados, a maioria dos quais bolsonaristas, que tomem medidas legislativas para oficialmente designar o Hamas como uma organização terrorista. Eles também pediram que esses parlamentares expressem ao Ministério das Relações Exteriores suas preocupações em relação às declarações “amenas” do ministério sobre os acontecimentos no conflito no Oriente Médio.
O embaixador enviou um ofício no início da semana aos deputados com essas solicitações e, na terça-feira (10/11), se reuniu na Câmara com diversos parlamentares da oposição durante a votação de 15 moções de apoio a Israel e de condenação ao grupo extremista islâmico Hamas, que foram propostas pelos próprios deputados.
A apresentação dessas moções já foi resultado dessas discussões. O ofício, que o Correio obteve, foi enviado aos gabinetes como um “pedido de apoio dos parlamentares brasileiros”.
No documento, a embaixada de Israel caracteriza o Hamas como uma organização terrorista com o claro objetivo de destruir o país e afirma que, durante o ataque deste mês, buscou matar o maior número possível de israelenses. “O Hamas é impulsionado pelo racismo genocida. Seu objetivo é assassinar judeus, destruir Israel e substituí-lo por um regime brutal de supremacia religiosa.”
O embaixador solicita aos parlamentares brasileiros que “promovam e proponham medidas e legislações para oficialmente classificar o Hamas como um grupo terrorista” e “apresentem ao Ministério das Relações Exteriores suas considerações e preocupações sobre as declarações brandas apresentadas pelo órgão em relação a essa guerra, bem como a falta de menção de que o ataque foi um ato terrorista realizado pelo Hamas”.
Durante a reunião com o embaixador, na sala da 1ª vice-presidência da Câmara, estiveram presentes, entre outros, os deputados do PL, incluindo Eduardo Bolsonaro (SP), Nikolas Ferreira (MG), Carla Zambelli (SP), Sóstenes Cavalcante (RJ), Julia Zanatta (SC), André Fernandes (MA) e Cabo Gilberto Silva (PB).
O presidente do grupo Brasil-Israel é o deputado Gilberto Abramo (Republicanos) de Minas Gerais. Ele informou a Zonshine que o grupo solicitou uma reunião no Ministério das Relações Exteriores para “expressar nossa indignação diante dessa atrocidade e discutir quais caminhos e meios a legislação nos permite, já que o Brasil não pode ficar inerte”.
Abramo também afirmou que o grupo que ele lidera não é contra os palestinos, mas se opõe aos terroristas do Hamas. “Defender um cidadão palestino é uma coisa, defender um terrorista é outra. Não temos como classificar o grupo de outra forma. Uma organização que utiliza crianças e mulheres como escudos não pode ser considerada um exército.”
Essa aproximação da embaixada com deputados da oposição ocorreu antes da posição adotada e anunciada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva hoje. Lula defendeu a intervenção humanitária na região, mencionou o Hamas e pediu que o grupo terrorista liberte as crianças israelenses sequestradas. O ex-presidente também instou Israel a cessar os bombardeios para permitir que as crianças palestinas e suas mães deixem a Faixa de Gaza na fronteira com o Egito, enfatizando a necessidade de “um mínimo de humanidade na insanidade da guerra”.
Tribuna Livre, com informações da Agência Estado