Apesar da situação de emergência em quatro unidades da Federação, a ministra afirma que se trata de uma propagação em nível local.
A ministra da Saúde, Nísia Trindade, rejeitou ontem a existência de uma epidemia nacional de dengue no país. A declaração ocorreu após o Distrito Federal e os estados do Rio de Janeiro, Acre e Minas Gerais declararem situação de emergência. Somente na última semana, os casos prováveis da doença subiram 80%, ultrapassando 217 mil notificações.
A declaração foi feita durante a cerimônia de abertura do Centro de Operações de Emergência (COE) contra a dengue, em Brasília. Trindade previu a expansão da vacina, mas ainda sem data definida. A chefe da pasta também informou sobre uma reunião com a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) e o Instituto Butantan para discutir a medida.
“Temos situações epidêmicas, como é o caso do Rio de Janeiro, do Distrito Federal, Acre, Minas Gerais. Mas a dengue tem uma característica socioambiental, ou seja, que depende do fator mosquito e de condições de proliferação”, afirmou. “E, agora, temos concentração nas regiões Sudeste, Centro-Oeste e Sul, mas isso não caracteriza um quadro de emergência nacional, quadro de epidemia nacional, mas de epidemia a nível local”, completou a ministra.
Nísia Trindade afirmou ter se reunido com o Butantan e a Fiocruz para discutir a possível ampliação da vacinação contra a dengue. No entanto, ela ressaltou que a imunização não é suficiente para locais com altos índices da doença. “O mais importante em uma situação de emergência é uma resposta rápida. Mas as vacinas são muito importantes, pois significam o início de uma imunização”.
Segundo estimativas do Ministério da Saúde, 2024 deve registrar 1.960.460 casos de dengue no Brasil. Essa previsão, entretanto, pode variar de 1.462.310 até 4.225.885 de notificações. Por isso, a via mais correta para evitar a epidemia é a vacina.
A ministra anunciou uma iniciativa conjunta com a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) para intensificar a oferta de vacinas contra a dengue. O objetivo da ação é agilizar a análise de novos imunizantes em produção. Atualmente, a vacina disponível no país é a QDenga, desenvolvida pelo laboratório japonês Takeda.
Nísia Trindade ressaltou a importância da parceria com a Anvisa para acelerar o processo de aprovação. “Estamos unindo esforços para ampliar a oferta de vacinação contra a dengue. Trabalharemos em conjunto não apenas com a Fiocruz, que apresentou bons resultados na vacina, mas também com o Butantan, que também estará nesse esforço”, afirmou.
A Saúde reforçou que a primeira remessa com cerca de 757 mil doses chegou ao Brasil em 20 de janeiro. O lote faz parte de um total de 1,32 milhão fornecidos pela farmacêutica. Outra parte, com mais de 568 mil unidades, está com entrega prevista para este mês.
A vacina será aplicada na população de regiões endêmicas, em 521 municípios, a partir de fevereiro. O processo foi organizado com Conass e Conasems, seguindo as recomendações da Câmara Técnica de Assessoramento em Imunizações (CTAI) e da Organização Mundial de Saúde (OMS).
A estrutura para os trabalhos de combate à dengue, segundo o Ministério da Saúde, vai funcionar como um ponto focal nacional para coleta e análise de dados, produção de relatórios e divulgação de informações por meio de boletins e informes epidemiológicos. O objetivo é permitir uma maior agilidade no monitoramento e análise do cenário da dengue para enfrentar o avanço da doença no país. Informes diários, semanais e mensais serão divulgados para manter a população, profissionais de saúde e gestores informados. As ações de enfrentamento serão coordenadas pelo Ministério da Saúde, em conjunto com estados e municípios, com a participação de diversos órgãos, como a Anvisa, a Fiocruz, o Conass e o Conasems.
Tribuna Livre, com informações do Ministério da Saúde.