Movimentos estratégicos marcam a antevéspera do primeiro ano da
invasão da Ucrânia por Moscou. Enquanto Vladimir Putin investe no
fortalecimento dos laços com a China, Joe Biden afaga líderes da ala oriental
da Otan
(crédito: AFP)
De forma estratégica, Estados Unidos e Rússia marcaram
posição ao lado de aliados na antevéspera do primeiro aniversário da invasão à
Ucrânia. Em Moscou, o presidente Vladimir Putin recebeu o chanceler da China,
Wang Yi, num encontro sob medida para exibir as boas relações entre os dois
países e a disposição de aprofundar laços bilaterais, enquanto aguardam um
plano de paz de Pequim para o conflito. Ao mesmo tempo, na cidade polonesa de
Varsóvia, o presidente americano, Joe Biden, se reuniu com líderes dos Nove de
Bucareste (B9), países do flanco oriental da Organização do Tratado do
Atlântico Norte (Otan), mais suscetíveis à carga dos russos.
“As relações internacionais são complicadas hoje.
Nesse contexto, a cooperação (…) entre China e Rússia é de grande importância
para a estabilização da situação internacional”, declarou Putin ao receber
no Kremlin o chefe da diplomacia chinesa.
O líder russo raramente recebe autoridades estrangeiras
que não sejam chefes de Estado, o que ressaltou os laços privilegiados entre
Moscou e Pequim. “Estamos alcançando novos horizontes”, enfatizou
Putin, acrescentando que espera que o presidente chinês, Xi Jinping, visite o
país na primavera boreal.
Wang Yi reforçou igualmente a proximidade entre os dois
países, ao falar da vontade de Pequim de “reforçar a parceria estratégica
(…) e a cooperação em todas as direções” com Moscou. “As relações
russo-chinesas não são dirigidas contra terceiros países e resistem às suas
pressões”, enfatizou Yi, que também esteve com o chanceler de Putin,
Serguéi Lavrov.
Logo após o encontro com Wang Yi, Putin seguiu para o
Estádio Luzhniki, onde discursou para milhares de pessoas durante um evento
para celebrar o Dia dos Defensores da Pátria. “Quando estamos unidos,
ninguém é igual a nós”, destacou, firme no propósito de prosseguir com a
guerra. “Hoje (ontem), a hierarquia (militar) me disse que estamos lutando
por nosso povo em nossas terras históricas”, sentenciou.
Na breve participação, ele também prestou uma homenagem
aos militares russos que “lutam com heroísmo, coragem e valor”.
“Estamos orgulhosos deles”, frisou, acrescentando que todos os que
apoiam o Exército são “também, de certa forma, defensores da pátria”.
A 1,2 mil quilômetros dali, em Varsóvia, Joe Biden fez
uma nova avaliação da suspensão da participação russa no tratado de
desarmamento nuclear Novo Start. “Erro grave”, classificou o líder
democrata, antes de se encontrar com o chefe da Otan, Jens Stoltenberg, para
discutir um aumento da ajuda militar à Ucrânia. Também participaram da cúpula
os dirigentes dos nove países-membros da Otan, situados na Europa Central e
Leste Europeu: Bulgária, República Tcheca, Estônia, Hungria, Letônia, Lituânia,
Polônia, Romênia e Eslováquia.
Na abertura, o chefe da Casa Branca mencionou a adesão da
Finlândia à Otan e enfatizou que os países do B9 continuam sendo a “linha
de frente da nossa defesa coletiva”.
Stoltenberg, por sua vez, defendeu “interromper o
ciclo de agressão russa” e “dar à Ucrânia o que ela precisa para
vencer” a guerra. “Não podemos deixar que a Rússia continue minando a
segurança europeia”, sustentou.
Nos últimos meses a Rússia enfrentou vários contratempos
no leste, mas tenta compensar com a tomada da cidade de Bakhmut, sitiada e
assolada por bombas há semanas. Putin apostava em uma guerra rápida, mas
encontrou uma resistência feroz, apoiada por entregas de armas e ajuda
financeira das potências ocidentais.