Rejeitando a possibilidade de reunificação com a Coreia do Sul, Kim Jong-un adota uma postura e medidas mais extremas; especialistas avaliam as implicações práticas disso.
Dois especialistas conceituados em assuntos relacionados à Coreia do Norte chamaram a atenção ao afirmar que o líder do país, Kim Jong-un, estaria se preparando para uma guerra. Segundo esses especialistas, o principal indício desse cenário é a declaração pública de Kim Jong-un, na qual ele descarta o histórico objetivo de reconciliação e reunificação com a Coreia do Sul, apresentando agora os dois países como Estados independentes em estado de guerra entre si.
Robert L. Carlin, ex-especialista da CIA, e Siegfried S. Hecker, cientista nuclear que visitou a Coreia do Norte diversas vezes, expuseram essa análise em um artigo no site especializado 38 North. Essa interpretação causou alarme em Washington e Seul, gerando debates intensos nos círculos que monitoram a situação na Coreia do Norte.
Embora esses analistas vejam sinais de preparação para guerra, a maioria dos especialistas discorda dessa teoria. Entrevistamos sete especialistas na Ásia, Europa e América do Norte, e nenhum deles concordou com a previsão de guerra. Christopher Green, observador de assuntos relacionados à Coreia do centro de estudos Crisis Group, destacou que arriscar todo o regime em um conflito potencialmente cataclísmico não condiz com a abordagem historicamente maquiavélica dos norte-coreanos.
Apesar das divergências sobre a probabilidade de uma guerra, há consenso entre os especialistas de que as recentes ameaças de Kim Jong-un não podem ser ignoradas, e o regime tornou-se mais perigoso. Alguns analistas temem que um ataque de poder ofensivo limitado possa estar nos planos do país.
As ações recentes da Coreia do Norte, como disparos contra uma ilha sul-coreana, testes de mísseis e anúncios de abandono do objetivo de reunificação, geraram tensões. Embora a maioria acredite que uma guerra seja improvável, existe preocupação com a possibilidade de um ataque limitado, como bombardeios ou ocupação de ilhas contestadas.
Essa situação levanta questionamentos sobre as verdadeiras intenções de Kim Jong-un. Alguns especialistas acreditam que as provocações podem ser uma estratégia para atrair a atenção internacional e negociar, enquanto outros veem uma possível tentativa de consolidar o poder internamente. A incerteza em torno das motivações de Kim Jong-un destaca a importância do diálogo e da compreensão para evitar erros de análise e a escalada de conflitos.
Tribuna Livre, com informações da BBC News
