Apresentador chamou Moraes de ‘covarde’ e fez deboche durante
discurso; convidados mencionaram atos golpistas e ‘regime de exceção’
POR CARTACAPITAL 12.12.2022 18H25
O apresentador Tiago Pavinatto, no programa Linha de
Frente da Jovem Pan News, debocha de Alexandre de Moraes. Foto: Reprodução
Participantes do programa Linha de Frente, da emissora
Jovem Pan News, reagiram com críticas, ironias e ofensas ao discurso do
ministro Alexandre de Moraes, presidente do Tribunal Superior Eleitoral,
durante a cerimônia de diplomação do presidente eleito Luiz Inácio Lula da
Silva (PT), nesta segunda-feira 12.
Apresentador da atração, o jurista Tiago Pavinatto chamou
Moraes de “covarde” após o ministro dizer que a Justiça Eleitoral se preparou
para “combater com eficácia e celeridade os ataques antidemocráticos ao Estado
de Direito e os covardes ataques e violências pessoais aos seus membros e de
todo o Poder Judiciário”.
“Este covarde, que acabou de chamar o povo de ‘covarde’,
não teve sequer a coragem, a coragem de responder as questões que o povo lhe
fez nas ruas. Covarde, ministro Alexandre, é o senhor“, declarou Pavinatto.
O apresentador fez diversas expressões de deboche e
chegou a rasgar um papel após Moraes afirmar que “estabilidade democrática e
respeito ao Estado de Direito significam observância fiel à Constituição, pleno
funcionamento das instituições e integral responsabilização de todos aqueles
que pretendiam subverter a ordem política criando um regime de exceção”.
A um dos convidados, Pavinatto também perguntou se “nós
temos agora uma democracia bolivariana”.
Quem respondeu foi Marcelo Bella, ex-atleta e
representante de uma marca de suplementos. Segundo ele, os atos que ocorreram
nas ruas após o segundo turno e que clamaram por um golpe militar devem
“aumentar”.
“Acredito que as manifestações vão recrudescer, ou seja,
vão aumentar agora, depois do ato de hoje”, afirmou.
Bella disse ainda que a diplomação marca o início de uma
contagem regressiva para que o presidente Jair Bolsonaro (PL) e seus familiares
sejam presos.
“É isso o que está por vir. Vão prender o presidente
Bolsonaro. Eu tenho certeza”, declarou. “O tempo está se esgotando. As areias
da ampulheta estão acabando.”
Outra convidada, Daniela Alves, diretora de uma
organização chamada Centro de Estratégia, Inteligência e Relações
Internacionais, afirmou que a diplomação de Lula instaura um “regime de
exceção” e se queixou das punições aplicadas a usuários de redes sociais que
disseminam conteúdos ilícitos.
“Pelo que eu vi, nós temos aqui configurado um estado de
exceção“, afirmou. “Agora, nem os parlamentares podem falar mais. Quem dirá
nós, aqui, que estamos analisando. Eu mesma começo a ficar com um certo medo de
falar.”
Coronel Telhada, deputado estadual em São Paulo pelo PP e
também convidado do programa, chamou o discurso de Moraes de “disparate” e
afirmou que teve a impressão de que o ministro estava sendo diplomado na
cerimônia.
Por sua vez, a cientista política Deysi Cioccari repetiu
a avaliação de Telhada e afirmou que “a gente pode esperar, para os próximos
quatro anos, um país bem mais agressivo“.
Nos últimos meses, a Jovem Pan tem sido alvo de
diferentes medidas devido ao conteúdo de sua programação. Em outubro, o TSE
abriu uma investigação para apurar favorecimento a Bolsonaro durante a campanha
eleitoral.
No mesmo mês, garantiu a Lula o direito de resposta para
dizer que é inocente, após comentaristas afirmarem que o petista mentiu sobre o
tema.
A Justiça também já havia condenado a emissora por
ofensas ao senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP).
Nas últimas semanas, o YouTube anunciou a desmonetização
dos canais da empresa. Em nota, a plataforma afirmou que as páginas incorreram
em repetidas violações de políticas contra a desinformação em eleições.
Também houve, segundo o YouTube, desrespeito a diretrizes
de conteúdo adequado para publicidade relacionada a “questões polêmicas e
eventos sensíveis, atos perigosos ou nocivos”.
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