Recém-chegado ao Brasil, Jair Bolsonaro tentou se explicar
sobre o presente milionário que recebeu do governo da Arábia Saudita
O ex-presidente da República Jair Bolsonaro (PL) se
pronunciou sobre os estojos de joias que recebeu da Arábia Saudita, nesta
quinta-feira (30/3), e justificou o presente como uma prática comum dos
governos do Golfo Pérsico, porque “eles são riquíssimos”. Em entrevista na sede
do PL, após chegada a Brasília, Bolsonaro tentou minimizar o caso.
“A rainha da Inglaterra ganhou R$ 50 milhões. Eles [reino
da Arábia Saudita] têm dinheiro, pô. É o prazer deles dar o presente […] Ele
tem coisas que nós não temos: três esposas, por exemplo. Eles são muito bem
sucedidos. São riquíssimos, e eles procuram agradar as pessoas. Mas sou um cara
que continuo com o meu reloginho aqui, [apontou para o relógio comum], graças a
Deus, estou satisfeito com ele”.
As declarações foram dadas em entrevista logo após a
chegada a Brasília, nesta quinta-feira (30/3), depois de passar três meses nos
Estados Unidos.
“Eu, toda vida tentando recuperar o outro conjunto da
Michelle por ofício, não foi na mão grande. Não sei porque essa onda toda. Se
estão achando isso como algo que fiz errado, eu fico até feliz, porque não tem
do que me acusar […] Se eu quisesse camuflar isso aí, jamais descobririam isso
aí”, afirmou Bolsonaro.
O Estado de S. Paulo revelou, no início do mês, que a
comitiva do ex-presidente tentou entrar no Brasil sem declarar as peças à
Receita Federal.
Bolsonaro não detalhou essa situação e disse apenas que
ele e a esposa, Michelle Bolsonaro, ficaram sabendo pela imprensa sobre a
apreensão das joias na alfândega.
Volta ao Brasil
O ex-presidente Jair Bolsonaro desembarcou no Aeroporto
Internacional de Brasília, por volta das 7h, e seguiu sem falar com apoiadores
até evento fechado nesta quinta-feira (30/3) na sede do Partido Liberal, em
Brasília, organizado por aliados e dirigentes da sigla.
Bolsonaro saiu do Brasil em 30 de dezembro do ano
passado, às vésperas da cerimônia de posse de Lula — sem, portanto, passar a
faixa presidencial para o sucessor. Ele chegou aos EUA na noite daquela data.
Dias antes, havia anunciado que viajaria para Orlando e, lá, passaria por um
“período sabático”, com o fim do mandato.
O ex-chefe do Executivo retorna ao país com um cenário
judicial complexo a encarar. É investigado pelo caso das joias sauditas, por
suposta incitação aos atos golpistas de 8 de janeiro e alvo de 16 ações que
podem torná-lo inelegível no Tribunal Superior Eleitoral (TSE).