Segundo a Polícia Civil, PCC deu ordem para proibir maconha
sintética na Cracolândia, porque efeitos colaterais atrapalhavam o tráfico
São Paulo – O Primeiro Comando da Capital (PCC) deu ordem
para proibir a venda de maconha sintética, droga conhecida como spice, na
região Cracolândia, no centro da capital paulista, de acordo com a Polícia
Civil.
Maior facção criminosa de São Paulo, o PCC domina o
território da Cracolândia e já teve o faturamento estimado em até R$ 200
milhões por ano com o tráfico naquela área, segundo apontam investigações
realizadas nos últimos anos.
Uma interceptação telefônica recente, no entanto, mostra
que a facção decidiu que não valeria a pena comercializar mais a maconha
sintética para os usuários daquela área. Segundo policiais, o motivo é que os
efeitos colaterais provocados pela droga estariam atraindo a presença de
agentes públicos e atrapalhando o tráfico, em geral.
“Em uma das conversas monitoradas, houve uma ordem do PCC
proibindo a venda da maconha sintética, conhecida como spice, porque estava
causando muito mal às pessoas”, afirmou o delegado Ronaldo Sayeg, diretor
Departamento Estadual de Prevenção e Repressão ao Narcotráfico (Denarc). “(As
pessoas) têm de ser socorridas, então chama mais atenção do que normalmente o
tráfico de crack chama.”
Operação
Entre os efeitos, a maconha sintética é capaz de provocar
psicose, paranoia, taquicardia e arritmia. Os usuários também podem assumir
comportamento mais agressivo, o que teria impacto no aumento de conflitos entre
os presentes na Cracolândia.
Segundo Sayeg, o PCC chegou a dar prazo de tolerância,
que terminou do dia 1 de fevereiro, para que o estoque remanescente da droga
fosse vendido no território. A descoberta faz parte da investigação que
resultou em operação deflagrada nessa quinta-feira (2/2).
Com foco em traficantes que abastecem o fluxo, a operação
do Denarc terminou com 11 pessoas detidas. Entre elas, estava um jovem menor de
18 anos e uma mulher grávidas, que entrou em trabalho de parto na delegacia,
após a prisão.
Os policiais também apreenderam dois veículos,
supostamente usados para a logística do tráfico, cerca de quatro quilos de
crack, oito quilos de maconha e R$ 15 mil em dinheiro.