Questionado por apoiadores sobre candidatura em 2026,
Bolsonaro disse que vê eventual prisão como “arbitrariedade”
O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) admitiu, na noite
dessa terça-feira (14/3), que o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) pode torná-lo
inelegível em razão da reunião com embaixadores promovida no ano passado, na
qual criticou, sem provas, o sistema de votação brasileiro.
“Eu não tenho uma denúncia sequer de corrupção, zero. O
processo que vai ser julgado no TSE é pela reunião que eu fiz com embaixadores
no ano passado, foi um ‘crime’ que eu cometi”, declarou Bolsonaro, com ironia.
“Mas, infelizmente, em alguns casos no Brasil você não precisa ter culpa para
ser condenado”.
Questionado sobre uma eventual campanha para a
Presidência em 2026, ele respondeu que “existe essa possibilidade de
inelegibilidade, sim”. Sobre vir a ser preso, ele declarou: “A questão de
prisão, só se for uma arbitrariedade”.
O ex-titular do Planalto deu a declaração durante evento
com apoiadores brasileiros nos Estados Unidos (EUA). Sobre o retorno ao Brasil,
ele afirmou que pode voltar dia 29 de março, mas estudará a situação do país
uma semana antes, para tomar a decisão de forma definitiva.
À espera da esposa, Michelle, que embarcou na manhã dessa
terça para Orlando para encontrá-lo, Bolsonaro elogiou a “veia política” da
companheira, que o teria ajudado muito na campanha, mas garantiu que ela não
sairá candidata a nenhum cargo no Executivo.
“Ela tá vindo pra cá. Eu confesso, eu tô casado há 15
anos, tenho uma filha de 12, e conheci a minha mulher falando o ano passado
naquela convenção. Eu não sabia que ela tinha aquela capacidade. Quem a ouviu,
realmente ela fala muito bem, foi fantástica. Me ajudou na campanha, bastante,
tem essa veia política. Mas não é candidata a cargo no Executivo”.
Atos antidemocráticos
O ex-presidente afirmou ainda que “se estivesse no
Brasil, teria problemas”, ao mencionar os atos antidemocráticos de 8 de janeiro
de 2023. Na ocasião, bolsonaristas extremistas invadiram as sedes dos Três
Poderes, em Brasília, na tentativa de reverter o resultado nas urnas que deu
vitória ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
“Ah, atos antidemocráticos. Não participei de
quebra-quebra, respeitei o pessoal na frente dos quartéis porque é um direito
deles se manifestar publicamente. Lamentavelmente, aconteceu o 8 de janeiro,
que foi o ‘meia dúzia de janeiro’”, declarou.
Bolsonaro chegou a mencionar, falsamente, que “há vídeos
comprovando que os edifícios já estariam quebrados” antes da entrada dos
invasores. Ele também afirmou que o caso não pode ser enquadrado na lei como terrorista.
“Que golpe é esse? Quem é o golpista? Cadê a tropa? Já
que eles tomaram os Três Poderes, quem assumiu? Ah, um ato terrorista. Na nossa
legislação, apesar de ser lamentável a cena, aquilo não se enquadra na lei como
atos terroristas. Aquilo foi invasão, depredação, um montão de coisas”.
“Terroristas que não foram encontrados com um canivete
sequer. Golpistas que não tinham articulado com tropa, não tinham comandante. O
objetivo disso, no meu entender, disso tudo, é tentar sepultar a direita que
mal nasceu no Brasil”, finalizou.