A assessoria de imprensa de Lula informou que ele deixou o
hospital por volta das 14h30. O presidente eleito chegou ao local às 10h30.
O presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), realizou
exames de rotina neste sábado (12), no hospital Sírio-Libanês, em São Paulo,
antes de viajar ao Egito, onde participará da COP27, conferência da ONU sobre
mudanças climáticas.
Nos exames, foram apontadas inflamação das cordas vocais e
leucoplasia na laringe, que é caracterizada por manchas brancas. Eles também
mostraram “completa remissão do tumor diagnosticado em 2011”.
Especialistas ouvidos pela Folha afirmam que a leucoplasia não é
uma “emergência médica”, mas que requer acompanhamento médico, uma
vez que pode evoluir para um câncer. As probabilidades de isso ocorrer, no
entanto, são de cerca de 10%.
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Segundo boletim médico divulgado pelo hospital na tarde de
sábado, “foram realizados exames de imagens: ecocardiograma,
angiotomografias e PET scan, que estão normais e seguem mostrando completa
remissão do tumor diagnosticado em 2011”.
“O exame de nasofibroscopia mostra alterações inflamatórias
decorrentes do esforço vocal e pequena área de leucoplasia na laringe”,
completa o boletim.
O presidente eleito foi acompanhado pelas equipes médicas
coordenadas pelo cardiologista Roberto Kalil Filho, que é seu médico, e por
Artur Katz e Rubens Brito.
A assessoria de imprensa de Lula informou que ele deixou o
hospital por volta das 14h30. O presidente eleito chegou ao local às 10h30.
Como a Folha mostrou em agosto, a rouquidão apresentada por Lula
em atividades de campanha chegou a se tornar preocupação entre aliados. Segundo
eles justificaram naquele momento, o excesso de rouquidão da voz tinha a ver
com os próprios eventos e com um refluxo gástrico adquirido pelo petista. O
presidente eleito faz exercícios com fonoaudiólogo.
Segundo o oncologista José Guilherme Vartanian, head de cabeça e
pescoço do A.C.Camargo Cancer Center, a leucoplasia “não é uma emergência
médica, mas é preciso acompanhamento de perto”, uma vez que ela é
considerada uma “lesão potencialmente pré-maligna” e pode se tornar
um câncer.
Ele cita três causas principais para a leucoplasia: tabagismo,
etilismo e refluxo gastroesofágico.
Para ele, num primeiro momento, é preciso “tirar o fator
causal”, ou seja, tratar o que pode ter causado a leucoplasia, e seguir
com acompanhamento médico. Caso não haja melhora e seja avaliada a necessidade
de uma cirurgia, o procedimento é de baixo risco.
“É uma cirurgia simples, de baixo risco. Geralmente, o
paciente vai de alta [hospitalar] no dia seguinte. É simples e rápido”,
diz Vartanian.
O pós-operatório, segundo ele, implicaria uma semana de repouso
vocal e exercícios com fonoaudióloga. Ele diz que o impacto na voz do paciente
depende da localização, na laringe, da leucoplasia.
O oncologista clínico do Grupo Oncoclínicas Pedro De Marchi,
especialista em câncer de cabeça e pescoço e coordenador médico do Instituto
Oncoclínicas, diz que o tratamento para a leucoplasia é “basicamente
observação” e, caso possível, “ressecção da lesão”.
“Vai depender muito da localização, mas, em geral, essas
lesões são passíveis de ressecções simples. Muitas das vezes
endoscópicas.”
Ele afirma que o fato de um paciente discursar ou falar muito
não interfere na chance de a lesão progredir para um câncer “de maneira
alguma”.
E que, uma vez realizada a cirurgia e o paciente se recuperando
dela, “não existe nenhum tipo de limitação” em relação à preservação
da voz.
“A partir do momento que faz o procedimento, a voz pode
ficar comprometida por alguns dias. Mas, quando cicatriza depois do
procedimento cirúrgico e o paciente se recupera da cirurgia, vida normal. Nada
específico em relação a discursar e falar, não existe nenhum tipo de limitação”,
diz De Marchi.
Médico-chefe do serviço de cirurgia de cabeça e pescoço do
Instituto do Câncer do Estado de São Paulo, Marco Aurélio Kulcsar diz que, se a
lesão for pequena, “nem alteração da voz tem”.
O profissional afirma que, com seus pacientes, uma vez
diagnosticada a lesão, ele reavalia o quadro em 15 dias. Caso não haja melhora
e considerando o tamanho e localização da lesão, assim como os antecedentes da
pessoa, ele realiza a cirurgia.
No sábado, Lula estava acompanhado no hospital de sua esposa, a
socióloga Rosângela da Silva, a Janja, e do deputado federal e ex-ministro da
Saúde Alexandre Padilha (PT-SP).
Nas redes sociais, Padilha escreveu que “os resultados
foram ótimos” e que Lula está “firme e forte para mudar o
Brasil”.
“O tumor que ele teve há 10 anos está em completa remissão
e sua saúde está pronta para governar o país pelos próximos anos”, disse o
parlamentar.
Padilha também compartilhou um vídeo no qual afirma que Lula tem
as cordas vocais inflamadas de “quem falou muito, emocionou muita gente
com seus discursos durante a campanha eleitoral”.
O boletim médico foi compartilhado por Lula nas redes sociais.
“Hoje o presidente Lula fez exames de rotina antes da viagem ao Egito.
Conforme boletim de sua equipe médica, o presidente eleito está pronto para os
próximos compromissos na COP27. #EquipeLula”, dizia a publicação.
O presidente eleito deve embarcar nesta segunda-feira (14) para
o país africano, palco da COP27.
Em um discurso a parlamentares de partidos aliados no auditório
do CCBB (Centro Cultural Banco do Brasil), sede do governo de transição, na
quinta (10), o presidente eleito falou sobre sua participação na COP27.
“Já vou ter no Egito mais conversas com lideranças mundiais
em um único dia do que o Bolsonaro teve em quatro anos. Uma das coisas que
vamos fazer é recolocar o Brasil no centro da geopolítica internacional”,
disse. “Vocês não têm noção da expectativa que o Brasil está gerando no
mundo.”
No caminho de volta do Egito ao Brasil, o petista deverá
desembarcar em Portugal para um encontro com António Costa e Marcelo Rebelo de
Sousa, respectivamente, primeiro-ministro e presidente.
Na sexta (11), o petista passou o dia em sua casa, em São Paulo.
Ele recebeu, pela manhã, o ex-chanceler Celso Amorim, seu principal conselheiro
para a política externa. No encontro, trataram da viagem de Lula ao Egito.
Leia a íntegra do boletim médico divulgado neste sábado (12):
“Boletim Médico
Luiz Inácio Lula da Silva
12/11/2022 – 15hs
O Presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva esteve hoje no Hospital
Sírio-Libanês, em São Paulo, para avaliação clínica multidisciplinar de rotina.
Foram realizados exames de imagens: ecocardiograma,
angiotomografias e PET scan, que estão normais e seguem mostrando completa
remissão do tumor diagnosticado em 2011.
O exame de nasofibroscopia mostra alterações inflamatórias
decorrentes do esforço vocal e pequena área de leucoplasia na laringe.
O presidente eleito foi acompanhado pelas equipes médicas
coordenadas pelo Prof. Dr Roberto Kalil Filho, Dr. Artur Katz e Dr. Rubens
Brito.”