Caciques petistas buscam conversar com Arthur Lira, que se irritou com
as recentes decisões de Gilmar Mendes e Ricardo Lewandowski no STF
Petistas estão tentando acalmar o presidente da Câmara,
Arthur Lira (PP-AL), após as recentes decisões do STF que barraram as emendas
de relator e abriram caminho para o Bolsa Família fora do teto de gastos.
Os aliados de Lula montaram uma “força-tarefa” para
conversar com Lira nesta segunda-feira (19/12). Segundo relatos, o parlamentar
ficou irritado após decisão de Gilmar Mendes, na noite de domingo (18/12),
determinar que os recursos destinados ao pagamento de benefícios de renda
mínima estão fora do teto de gastos.
Em conversas nos bastidores, aliados de Lula tentaram
convencer Lira de que utilizar o crédito extraordinário é a única saída no
horizonte. Mas que ainda trabalham para que PEC seja aprovada, com possíveis
mudanças no texto.
Caciques petistas afirmaram à coluna que defenderão junto
ao presidente da Câmara que a PEC seja votada nesta terça-feira (20/12), mesmo
após o voto do ministro Ricardo Lewandowski, que barra as emendas do chamado
orçamento secreto.
“É necessário abertura de espaço orçamentário para
garantir o funcionamento da educação, da saúde e das políticas públicas
complementares ao enfrentamento da fome. Só a liberação do adicional para o
Bolsa Família é simbólico, mas não resolve as dificuldades orçamentárias de
2023”, afirmou à coluna uma liderança do PT.
Na última semana, parlamentares aliados de Lula davam
como certo que uma decisão do Supremo contrária às emendas de relator poderiam
prejudicar a votação da PEC, marcada para esta terça.
As duas medidas do STF tiram poder de Lira faltando menos
de dois meses para eleição à presidência da Câmara. Sem o orçamento secreto, o
parlamentar alagoano perde uma importante ferramenta para cooptar apoio à sua
reeleição. Já sem a PEC, ele fica sem margem de manobra para buscar espaço no
governo Lula.
Valor reduzido
Com a liberação de recursos para o Bolsa Família por meio
de uma MP, o valor pedido pelo governo de transição na PEC pode ser mais baixo,
cerca de R$ 26 bilhões, já que a verba seria para cobrir gastos com saúde,
educação e investimentos.
O relator do orçamento, deputado Marcelo Castro (MDB-PI),
estima os seguintes valores: R$ 16,6 bilhões para políticas de saúde; R$ 6,8
bilhões para o aumento real do salário mínimo; e 2,8 bilhões para o reajuste
salarial de servidores.
Com isso, a perspectiva é que diminua a oposição à PEC
entre partidos do Centrão. Lideranças de siglas como Republicanos e PP afirmam
que só votariam a proposta com um tempo menor do que os dois anos de duração
votados no Senado e com um valor reduzido para ser retirado do teto de gastos.